E se houvesse um mercado de trocas de personalidade...
Seria um lugar muito procurado? Como em um dia de feira, pessoas pra lá e pra, mas ao invés de pechinchar frutas, ou verduras, estariam negociando sua personalidade.
Um psicologo que detectasse sinais de baixa auto estima em seu paciente/cliente, imediatamente lhe encaminharia ao Mercado das Personalidades, com uma recomendação que o pobre coitado deveria apresentar a cada dono de barraca, em busca de uma personalidade menos destrutiva. Diriam eles: Esta pertencia a um rico comerciante, tem uma certa dose de ambição, e a auto-confiança que o senhor está procurando.
E lá se ia o homem sem auto estima, munido agora de uma nova personalidade, mais confiante e com uma sede nova de ambição.
E seria um vicio, a cada problema novo, iria ele em busca da solução, trocando inúmeras vezes de personalidade. No fim, perderia a si mesmo...
Mas às vezes, eu queria que fossse possível deixar de ser quem sou, e encarar os problemas com os olhos e a perceção de outra pessoa. Como ela os enfrentaria? Ou talvez, sob seu ponto de vista, nem seriam problemas.
Eu devo me contentar com o fato de que sou quem sou, mesmo que às vezes isso me esmague? Mesmo que às vezes eu deteste ser, mesmo que às vezes torne-se tão dolorido.
Eu devo continuar sendo o que eu sou.
Por que é dificil mudar...
Mas eu quero mudar. Quero tanto, e mais do que qualquer outra coisa. Mas continuo me prendendo a teorias, suposições.
Seria um erro mudar?
Quando você vive em um mundo onde não existe certeza de nada, a sensação de que o próximo passo pode ser irreversível e de que uma queda pode ser inevitável, são a única companhia.
Como pode-se dar por satisfeito, sabendo que além da névoa que encombre o horizonte pode haver mais, ou pode não haver mais nada.
Como pode-se viver em paz, se tudo que você tem são aspirações, desejos, sonhos, suposições e uma consciência que lhe diz que ora é esse o caminho e ora é o do lado.
Eu tento me comunicar, mas poucas pessoas querem ouvir, só ouvir, sem tentar impor suas próprias idéias como verdades.
No exercício de escutar a verdade dos outros, sem querer lhes embaraçar com meus pensamentos, só o que consegui, foi condensar ainda mais a névoa que me impede de dizer: Eu tenho certeza.
Todos podem dizer o que bem entenderem, meus ouvidos fazem seu trabalho, mas meu cérebro... Esse já perdeu o interesse. E eu me pergunto: As suas verdades são mesmo verdades para eles, ou eles insistem em acreditar, só para abolir esse sentimento, só para espantar a névoa que também os rodeia e eles não querem admitir, ou ver.
Novamente, suposições, dúvidas... As respostas, estas podem estar além da névoa, ou em lugar nenhum.
"Só sei que nada sei."
Sócrates
--> Nem essa certeza sou capaz de amitir ter.
C.C.