6/03/2007

Não há momentos comuns

Começa assim "Sempre há algo acontecendo, não há momentos comuns."
Um filme bom, na hora certa, sempre aparecendo conselhos na minha vida, o caminho sempre se abrindo à minha frente.
E de repente, no meio do filme, a fala que me deixou muda: "As pessoas mais díficeis de se amar, geralmente são as que mais precisam serem amadas." Mas nisto eu já tinha pensado, isto eu já tinha ouvido, a esta conclusão eu já havia chegado, mas não impede que eu me emocione toda vez que a escuto.
O que me fez cir do cavalo realmente foi isto:
"A jornada é que nos faz felizes, não o destino."
A jornada, não o destino...Quando conseguir isto, serei feliz. Quando ele olhar pra mim, serei feliz. Quando conseguir aquele emprego, quando comprar aquela casa, quando for visitar Paris, aí poderei ser feliz!
Como somos tolos, e só.

É por que nos prendemos no que vai nos fazer felizes, nos prendemos no que pode acontecer, deixamos de olhar para o mundo e, de repente nos damos conta de que já não podemos mais. Não podemos mais simplesmente por que nos habituamos a não prestar atenção no que estamos fazendo, tudo correndo, tudo rápido, como se o relógio fosse nos engolir. E há quanto tempo eu não como direito? Será por isso que me sinto fraca e doente? Será por isso que minhas mãos tremem o tempo todo e meu corpo clama por descanso? Eu sei, eu me prendi no passado, mas estou sempre no futuro, e quando me deixo levar pelo presente, fico extasiada, sem me dar conta de que é isso que falta, é isso que realmente importa, o que está acontecendo agora.
Ás vezes paro e fico olhando as pessoas passarem na rua, o filho brincando com o pai, os passos rápidos para não perder o ônibus, a namorada beijando o namorado, uma mão que escreve, um movimento que de tão simples é belo, e nessas horas tudo que eu quero é uma camera fotográfica por que não posso eternizar estes momentos! Tão doces, tão singelos, a mãe amamentando o filho... Mas então me acho uma tola, prestando atenção naquilo que acontece ao meu redor e volto para meu abismo! Tola! Você estava vivendo! Você estava vendo a beleza das pessoas, do momento, enquanto tantos se preocupam só em ver o que é feio. Eu não sei, não sei por que penso que isto é errado, talvez por que raras vezes tenha encontrado outra pessoa que se perca do mesmo jeito, por que não é comum.

"Onde você está? Eu estou aqui; Que horas são? Agora; Quem é você? Este momento".
Não posso esquecer disto, não quero esquecer, por que sei que um dia vou lembrar disto e pensar "Eu tive minha resposta, só achei simplória de mais para levar a sério". E isto irá mostrar toda minha vulnerabilidade e orgulho, e eu entenderei que fiz exatamente aquilo de que sempre fugi: Ao invés de perceber como é simples, tronei tudo mais difícil.
Viver é aprender, mas as pessoas esquecem de pôr em prática, eles esquecem de praticar.
"Você não está pondo em prática, viver é praticar."

E termino com a máxima de Oscar Wilde, a mesma que pendurei atrás da porta há um ano e por alguma razão retirei...
"Viver é a coisa mais rara do mundo, a maioria das pessoas apenas existe."