12/28/2010

Labirinto

O vento frio... Penetrando em minha pele, a fúria do mar, jogando-se impiedosamente contra os rochedos, tentando a todo custo, durante anos sem fim, penetrar no coração das rochas. Como eu tentei penetrar em seu coração. Uma muralha tão alta e tão imutável quanto esta em que me encontro agora. Pouco a pouco, eu penetrei em suas defesas, eu rompi algumas barreiras, mas assim como este oceano, assim como estas ondas, não foi o suficiente para chegar atá aquilo que se esconde em um lugar ainda mais protegido e inalcançável, e assim como estas ondas, eu continuei tentando, eu continuei lutando mas...
Toda vez que pensava chegar mais perto, você se afastava, e então eu percebia que era apenas mais um barreira, apenas mais uma, dentre as incontáveis barreiras que ainda teria que enfrentar. Meus dedos não podiam nem ao menos tocar na superfície daquilo que se escondia nas profundezas dos seus olhos.
Eu não sou imortal, como o oceano que se estende aos meus pés, nem implacável em minha luta. Minhas forças foram aos poucos se esgotando, minha vontade foi aos poucos esmorecendo, e as barreiras eram ainda tantas...! Eu me vi então, debatendo-me contra as paredes que cercavam seu coração, sem forças, as lágrimas correndo livremente pelo meu rosto, e você não me ouvia! E eu me vi completamente só, perdida no labirinto que te protegia.


12/25/2010

Sobre a beleza

Essa semana, depois de uma faxina, fiquei sentada navegando na internet e de repente me peguei pensando - novamente - sobre a beleza. E o que desencadeou a série de pensamentos que me levaram a escrever este texto agora foi um dos últimos livros que acabei de ler, A Dança da Morte, do Mestre Stephen King. Antes eu o chamava de Mestre só pra fazer brincadeira, afinal nem li tantos livros dele assim, mas agora... E você deve estar se perguntando: o que diabos tem a ver Stephen King com a beleza?

Bom, eu sou apaixonada por tudo que é belo, isto é um fato. Desde uma flor no jardim, um inseto colorido que pousa em minha mão, até obras de arte, filmes, músicas, peças de teatro, fotografias, etc, etc, etc... O que me surpreendeu em A Dança da Morte foi exatamente isso. Eu já li muitos livros nesta curta existência, dos mais variados tipos, e já me apaixonei por vários, por suas tramas, seus personagens, a atmosfera e por aí vai, mas eu nunca havia parado para pensar na beleza destas obras. E por beleza eu me refiro à estética da escrita, da maneira como o escritor descreve determinada cena. E pela primeira vez, eu reparei nisto, e foi lendo A Dança da Morte.

Desde a primeira vez que abri o livro e o fechei, eu repetia para mim mesma: Isto é lindo!

E então, eu comecei a pensar na beleza. É um termo tão abrangente! Qual a definição de beleza? Segundo a wikipédia: A beleza é uma experiência, um processo cognitivo ou mental, ou ainda, espiritual, relacionada à percepção de elementos que agradam de forma singular aquele que a experimenta. Suas formas são inúmeras, e a ciência ainda tenta dar uma explicação para o processo. *

Sempre pensei no que é belo como sendo algo que nos desperta, que toca em algum ponto dentre de nós e nos faz baixar a guarda, penetrando em nossas defezas. Outro dia estava no centro de florianópolis com meu namorado e ouvi um coral, o som vinha do centro da praça, e as vozes eram harmoniosas. Eu estava reconhecendo algumas músicas, meu interesse se despertou quando começou a tocar (I can't get no) Satisfaction, dos Rolling Stones. A voz da mulher... Sou apaixonada por canto lírico. Então, de repepente, aquela melodia... Aquela voz suave... Era Angel of Music, do Fantasma da Ópera. Simplesmente pulei do banco, agarrei a mão do Eduardo e o arrastei para lá, foi mais forte que eu! Quando começou The Phantom of the Opera, com aquele coral atrás, usando máscaras, e o cara vestido de fantasma, cantando AO VIVO (eu podia jurar que eles estavam dublando pela perfeição e pela beleza, mas não!), eu me arrepiei toda e quase comecei a chorar ali, no meio daquela multidão, na ponta dos pés, tentando enxergar a Christine ser arrastada por aquele pequeno espaço pelo Fantasma. E a voz, a voz! Uma perfeição! Quem já ouviu a música sabe que aquele final é de tirar o fôlego, e eu quase fiquei sem, enquanto sentia meu corpo todo se arrepiar. E aquele momento, naquela praça, cheia de gente, pessoas comuns, fazendo uma parada para ver um show na rua enquanto se preparavam para voltar às compras de Natal, foi um dos momentos mais belos deste ano para mim. Pela interpretação, pela surpresa de ouvir aquela música de repente, com o edu ao meu lado, com as pessoas à minha volta, todos focados naquela garota (a desgraçada não devia ter mais de 19 anos) com uma voz capaz de nos arrancar de nossas fortalezas, de nossa rotina, da correria para comprar presentes, do caos do dia-a-dia. Acho que a beleza se resume a isso. Uma cena, uma música, uma palavra, algo que nos faz sair do aqui e agora e nos transporta para outro lugar. Nos faz pensar, nos faz sentir. Nos faz humanos. Eu sou completamente apaixonada por tudo que é belo, e tento buscar a beleza em todos os lugares. É quase como um vício, acho. Eu adoro sentir aquela fisgada no estômago, aquela sensação de enternecimento. A beleza de um olhar, alegre, sedutor, triste, sereno, sofrido... Olhares são apaixonantes, e belos. Tenho essa mania de olhar nos olhos das pessoas, e sinto-me muito desconfortável falando com alguém de óculos escuros. Eu preciso ver as reações no olhar, porque ali tudo fica claro. A beleza de uma noite estrelada, das árvores florindo na primavera, de um céu azul límpido, ou cinza chumbo, antes de uma tempestade.

E os detalhes. Afinal, a beleza mora na sutileza dos detalhes.

Sei lá, me empolguei aqui, e não falei nada do que queria ter falado antes, mas acho que deu pra entender alguma coisa^^'

Outro dia tento amadurecer mais essa idéia e escrevo algo decente. Já são quase 2:00 da manhã, meus olhos e meu cérebro imploram por uma noite de sono xD

*achei interessante^^

C.C.



Reflexos

Frio e chuva. Meus olhos tentam se acostumar com a luz clara que aos poucos tira o foco de tudo à minha volta. Outro flash. Uma mão aperta meus ombros e ajeita minha postura. "Seu olhar parecia perdido, estava ótimo." Um sorriso, meus olhos piscam discretamente, agora aos poucos posso ver o sorriso que ele me lança, largo e encorajador - seus olhos continuam frios. Apenas mais uma modelo, apenas mais um trabalho, apenas mais um. Inclino meu corpo para frente, fingindo tocar o chão coberto de folhas alaranjadas. Outono. "Ela parece doente." Sim, sinto-me fraca e um pouco tonta, mas quem se importa? Quem se importa com os sussurros que chegam com o vento? Quem se importa com a chuva que escorre sobre minha pele, penetrando em meus ossos? "Agora olhe para a câmera, isso, assim, excelente!" Novamente a luz, a perda de foco, e o frio, e a chuva.

O céu está claro, muito claro, embora a chuva continue impiedosamente. Escorrendo pelo vidro do carro, os pingos formam padrões estranhos, imagens incertas, seria o rosto de sua mãe fitando-a ali, no canto? "Sim, sim, estou melhor, obrigada." Outro sorriso. Seriam os seus sorrisos tão falsos quanto os do fotógrafo de antes? Provavelmente. Ela não se importava muito. Não se importara, agora parecia uma informação extremamente relevante sobre si mesma. Porque? Talvez o frio dos olhos estivesse aos poucos derretendo afinal. O calor penetrando em sua mente, descendo até chegar ao peito, queimando, provocando-lhe um aperto no estômago. E subindo novamente, até chegar aos seus olhos e começar a escorrer na forma de lágrimas, escorrendo como lava. E ela não conseguia mais parar. Seu corpo todo tremia, suas mãos permaneciam inertes sobre o colo, não havia forças para levantá-las. E de repente ela sentiu como se todo seu corpo estivesse derretendo, e os olhos de sua mãe a fitavam, quietos, serenos, no canto da janela.

C.C.



FELIZ NATAL!!!!

C.C.


12/19/2010

No silêncio do meu olhar

Às vezes, eu olho para você, e meus olhos não conseguem deixar de fitar os seus. Então minha mente se enche de palavras e versos, e eu tento ordená-los, tento desesperadamente juntá-los e transformá-los em algo coerente, enquanto suas mãos percorrem o meu corpo. Mas olhando em seus olhos eu percebo que nenhuma palavra, nenhum verso ou poesia parecem ser o suficiente para traduzir o quanto te amo, o quão grande é o amor que sinto. E eu queimo, queimo neste fogo que altera os meus sentidos, neste fogo que preenche todo o meu ser, tudo o que sou. E as palavras, os versos, as poesias, toda a louca sinfonia que forma-se em meu interior, e os teus olhos, são o alimento do meu fogo.
E dentro, quando simplesmente desisto de tentar descrever meu amor, dentro dos teus olhos eu vejo o mesmo fogo que é meu, o fogo que é nosso. Porque se palavras não podem descrever este sentimento, os olhos, os meus e os teus - eles podem.

O silêncio do meu olhar contêm as palavras que descrevem todo o amor que sinto, pois diante de ti, eu que sempre encontrei o verso certo, a rima certa, diante de ti e do amor que grita em meu peito, fico muda. E muda eu fito teus olhos e encontro todas as palavras que descrevem o teu amor. Diante deste sentimento que me toma por completo, finalmente entendi que não adianta tentar descrever o amor - o amor é, ele simplesmente é, e dentro dos teus olhos eu contemplo toda a beleza do seu ser.

C.C.

12/16/2010

Porque é tão difícil abrir aquela porta... Quando está tudo no lugar é que aquela velha voz sussurrante decide soprar em nossos ouvidos, detrás da porta. E o sussurro viaja tranquilo por entre os labirintos da nossa mente, trazendo à tona uma imagem, uma palavra... O aperto no peito. Ignorado.

Mas quando nos encontramos naquele turbilhão, onde nem conseguimos pensar direito com tantas coisas para fazer, com tantas exigências - de tempo, de atenção, de um ombro, de um abraço, de um olhar - quando um dia vem após o outro e já nos perdemos em datas pois são todos iguais, aquele sussurro passa desapercebido. É fraco, frágil, e sem importância em meio ao caos do dia-a-dia. Perde-se facilmente e não penetra em nosso coração.

Mas quando vem a calmaria... A voz ganha volume e a porta parece transportar-se para mais perto, para a superfície. Quando se tem tempo para ordenar os pensamentos, os sentimentos, é aí que ela se faz ouvir, é aí que paramos em frente à porta e encaramos desconfiados a maçaneta.

E embora a voz esteja agora mais forte e próxima, tão perto que podemos quase tocá-la - se tivermos coragem para girar a maçaneta - ainda assim uma espécie de paralisia nos toma e só o que fazemos é encarar, ouvir, pensar, mas nunca tocar. 

Entalhadas na porta estão as letras que formam as palavras "CANTO ESCURO." O que há do outro lado, além dos sussurros, além das lembranças, das feridas, do passado? Será que vale a pena abrir a porta e deixar a avalanche de sentimentos já há muito esquecidos transbordar?

"Já há muito esquecidos, ou que queremos esquecer?" Ouve-se o sussurro vindo com o vento.

Sim, aquelas lembranças que trancamos no CANTO ESCURO e deixamos apodrecer - ou criamos esperanças de que apodreçam - porque se a encararmos não temos certeza de que conseguiremos sair ilesos. Não, provavelmente não sairemos. Mas apesar de nossos esforços elas continuam, e quando passa a calmaria e somos obrigados a nos atirar no caos novamente elas retornam para as profundezas, e o tempo que passamos especulando se deveríamos abrir a porta ou não é sugado para dentro do CANTO ESCURO.

Porque é tão difícil?

C.C.

12/10/2010

Férias outra vez

Ha, agora, que venham os livros, meus queridos livros que tive que abandonar pelos estudos, meus adorados livros que me encaravam inquisitoriamente nas estantes, exigindo uma explicação. Meus companheiros, que saudade!

Mas valeu a pena. 

=D

C.C.

11/25/2010

Reflexos

Pelas ruas vão minha alma e minha razão, de mãos dadas seguem unidas... Mas se há um poste no caminho, elas se separam por alguns segundos, e minha mente perde o foco, já não sei quem sou ou o que quero, por alguns segundos, deixo de enxergar, é tudo nebuloso. Parte minha é alma, e parte minha é razão, e separadas, elas já não fazem sentido - nada mais faz sentido. Por alguns segundos... Por alguns preciosos segundos, eu perco o juízo, eu saio do ar. Olho para os lados e tudo que vejo é deserto, tudo que ouço é silêncio, nada se move - estagnação. Por alguns segundos... Por alguns preciosos segundos...

C.C.

10/24/2010

Mestre King

"Se voltar por este caminho e renovar seu convite para eu "me juntar", Stu, provavelmente concordarei. Esta é a maldição da raça humana. Sociabilidade. Cristo assim teria dito:"É, na verdade, sempre que dois ou três de vocês se juntam, algum outro vai perder a merda da vida." Precisarei lhe dizer o que a sociologia nos ensina sobre a raça humana? Eu lhe direi isto em poucas palavras. Mostre-me um homem ou uma mulher solitários e lhe mostrarei um santo. Dê-me dois e eles se apaixonarão. Dê-me três e eles inventarão essa coisa encantada que chamamos de "sociedade". Dê-me quatro e eles construirão uma pirâmide. Dê-me cinco e eles transformarão alguém num pária. Dê-me seis e eles reinventarão o preconceito. Dê-me sete e em sete anos eles reinventarão a guerra. O homem pode ter sido feito à imagem e semelhança de Deus, mas a sociedade humana foi feita à imagem e semelhança de Seu oposto, e está sempre tentando voltar para casa."

Stephen King, A Dança da Morte - página 327,328.

Tirando teias de aranha^^

C.C.

10/10/2010

Ode anual - Primavera


Primavera - a brisa, a chuva, o calor, a grama, o céu azul, pássaros cantando, o jasmin...

Flores amarelas no chão da faculdade, rosas no jardim de casa, orquídeas em todo lugar, perfume de jasmin...

Mais que o sol, que as flores, que a brisa, que o calor ameno, era  o perfume de jasmin que anunciava - invadindo meu quarto docemente, com a brisa - a primavera. Mas não tem mais perfume de jasmin invadindo meu quarto. Não acordo mais de manhã esperando ver o jasmineiro florido, e abro a janela esperando pela lufada de perfume que invadia meu quarto. Não tem mais flores de jasmin enfeitando meu quarto. Mais que as orquídeas que tanto adoro, era o jasmineiro que mais amava. Sim, eu passava o ano esperando para vê-lo florido, esperava o ano todo para sentir o perfume, e talvez por isso a primavera era minha estação preferida. Onde estão os jasmineiros desta cidade? O nosso se foi, meu padrasto teve uma brilhante idéia que acabou por matá-lo, e eu quase chorei quando acordei naquela manhã e o vi seco, completamente desfolhado... Ainda espero sentir o perfume...

E a primavera parece não ter chegado ainda, e as flores amarelas no chão da faculdade parecem não ter caído ainda, e o céu parece não estar tão azul quanto antes. Mas creio que seja só aqui, só aqui em mim, aqui onde ainda guardo luto pelo jasmineiro que nunca mais irá florir.


C.C.

9/02/2010

Falta de Cafeína


Como se fora uma ave a esvoaçar pela praia, asas abertas, penas brancas, a queda pela gravidade, o mergulho no azul, a volta célere, a pesca exibida com orgulho; praia de areia branca, o sol reflete e meus olhos não suportam a luminosidade, cerrando-os sinto, vindo com a maresia, o aroma de café. Falta de cafeína. Estou na sala, o professor fala, não há praia, ou azul, ou ave marítima, mas persiste a maresia, a falta de cafeína.

C.C.

8/28/2010

Ninguém, nem mesmo a chuva...

Nenhum lugar em que nunca estive, alegremente

além de qualquer experiência, teus têm o silêncio;

no teu gesto mais frágil há coisas que me encerram,

ou que não ouso tocar porque estão demasiado perto.


Teu mais ligeiro olhar facilmente me descerra

embora eu tenha me fechado como dedos,

você me abre sempre pétala por pétala como a Primavera

abre (tocando sutilmente, misteriosamente) sua primeira rosa.


Ou se você quiser me ver fechado, eu e 

minha vida nos fecharemos belamente, de repente,

assim como o coração desta flor imagina

a neve cuidadosamente descendo em toda parte;


Nada que possa perceber neste universo iguala

o poder de tua imensa fragilidade:

cuja textura complete-me com a cor de seus continentes, 

constituindo a morte e o sempre cada vez que respira.

(não sei o que há em você que fecha

e abre; só uma parte de mim compreende que nas

vozes de teu olhar cabem todas as rosas)

ninguém, nem mesmo a chuva, tem mãos tão pequenas.


E.E. Cummings


C.C.

8/08/2010

Reflexos

Sentada à beira mar, o som dos pássaros marinhos ecoavam por toda parte. A serenidade em seu rosto era somente uma máscara, um disfarce que assumira sem ao menos perceber que o fizera. Haveria um lugar, algum dia, onde o por do sol pudesse finalmente significar algo mais que um refúgio?

Andara por toda a extensão da praia e sentara-se ali, ali onde o sol tocava o mar ao dar lugar à noite que se aproximava. Ali onde tantas vezes assumira o mesmo ar de serenidade enquanto tentava encontrar um abrigo, uma solução, um milagre. E seus pensamentos espalhavam-se pela praia, suas tristezas, sua luta, seu desespero, sua razão, sua esperança. Às vezes imaginava que as gaivotas davam rasantes sobre seus pensamentos, tentando pescá-los, tentando levá-los para algum lugar onde o sol ainda pudesse iluminá-los. Às vezes uma lágrima escapava, outras tantas um sorriso.

Quando se está tão focado em algo ou alguém, o mundo parece perder o sentido e não percebemos a solidão que aos poucos nos cerca. Não percebemos as horas correrem, não percebemos os dias chuvosos, não percebemos as noites de lua cheia, porque tudo, tudo, nos lembra o algo, ou o alguém. Tudo parece nos aproximar ainda mais daquilo que desejamos, como se todo o universo tivesse sido criado só para nos lembrar de sua existência.

Como as gaivotas, que a faziam lembrar do riso, ou o brilho alaranjado do sol contra o mar, que a fazia lembrar de seus olhos, ou o céu rosado, ou o barco que fazia seu caminho vagarosamente, guiado pela brisa... A brisa a fez lembrar do dia em que a tempestade caíra sem aviso sobre eles, e o vento bagunçara os cabelos negros, e de repente não havia mais nada, só os olhos dela nos dele, só...

Era como se tudo estivesse conectado e de repente, sem aviso, o fim.

Mas as gaivotas continuariam dando seus mergulhos certeiros, a brisa continuaria guiando o pequeno barco à vela, o sol continuaria se pondo, e a noite continuaria voltando. E não haveria mais "nós".

C.C.

8/02/2010

História de outra mente - Enid

Quarto Escuro

 Acordou e permaneceu deitada, encarando o teto do quarto. A madeira escura estava começando a apodrecer, provavelmente pela umidade e falta de luz.

Escuro. Ela podia sentir a vida que nascia nas ruas, podia sentir o sol infiltrando-se pelos poros do quarto frio, mas não havia luz. Levantou-se, pôs os chinelos e foi até a janela. Ela a abriria, e mesmo esperando sentir o calor do sol tocando seu rosto, sabia que só veria uma parede escura coberta por limo e sentiria o vento gelado cortando sua face. Era só o que precisava para despertar.

Inspirou o ar gélido, trocou o pijama por uma calça de couro e uma camisa impecavelmente branca. Pôs o colete preto, pegou o relógio de bolso, deu corda, e colocou-o no bolso do colete. Pôs o coldre em volta da cintura e colocou uma pistola em cada lado, pegou mais duas pistolas, menores, e escondeu dentro das botas de cano alto. Pôs o sobretudo de couro longo, o chapéu e então parou em frente à porta do quarto. Antes de sair inspirou profundamente, tocando a maçaneta. Talvez tivesse virado um hábito, ou talvez fosse realmente necessário. Enquanto inspirava, os olhos fechados, juntava forças e o que mais fosse preciso para sair, para ver o mundo, para continuar vivendo.

 Contrato

 Havia sol, ainda que fizesse frio, seus raios penetravam a cortina fina de fumaça e poluição que se estendia sobre a cidade. Enid seguiu pela rua movimentada, o rosto parcialmente escondido pelo chapéu. Havia um encontro, outro cliente, outro contrato, mais uma morte.

Já não se perguntava mais, os fantasmas pareciam estar cada vez mais quietos, presos a um passado que já não lhe dizia respeito, era só essa espécie de anestesia, como se o mundo à sua volta não fizesse parte dela, e ela não fizesse parte deste mundo.

 Sentiu o cheiro do café à distância. Sempre um café. Parecia que os cafés haviam sido criados para isso, locais onde pessoas que querem silenciar alguém encontravam pessoas dispostas a fazer o serviço. Por um preço, claro, sempre havia um preço a ser pago, sempre havia o contrato.

C.C.

 

7/29/2010

Sob a chuva

Não sei
assim como as coisas acontecem
apenas deixei de esperar
como se não houvesse abrigo
o que eu podia fazer era andar na chuva
então baixei a cabeça e segui em frente
seguindo com a tempestade sobre a minha cabeça

Eu sei
de cabeça baixa não pude ver quando o sol surgiu
mas pude sentir
e eu senti você
saindo da tempestade
eu te senti

Eu sinto
e de uma maneira que não sei explicar
eu continuo
ainda sem esperar
eu continuo
ainda que não esteja completamente seca
eu continuo

Presença
as horas passam tão rápido
Sua ausência
o tempo passa devagar

Não importa
desde que te senti sob a chuva
só o que sei é da sua presença
só o que vejo são os teus olhos
só o que sinto
só o que espero
estar com você
está em você.

C.C.

7/22/2010

Entre papéis e caixas...

Uma mudança. Sempre que fazíamos uma mudança eu reencontrava velhos papéis e agendas, reencontrava velhos bilhetes, cartas, desenhos. Mas compramos uma casa e as mudanças pararam. As cartas e os bilhetes permaneceram guardados em algum canto do guarda roupa, dentro de alguma caixa, junto com as lembranças.

Mas o velho guarda roupa tinha que ser substituído, e seus segredos tiveram que ser novamente expostos. Sempre ficava com aquela sensação de nostalgia quando colocava tudo pra fora em alguma das inúmeras mudanças que fizemos, mas desta vez fui colocando tudo pra fora, amassando papéis que guardara durante anos, provas, cadernos, apostilas, tudo indo direto para o lixo. Até que no meio de tanta quinquilharia, que eu não parava de perguntar pra mãe: Porque eu guardei isso?!E ela me olhava com cara de "eu que te pergunto",  encontrei o que sobrou da minha coleção de papéis de carta. Fiquei ali segurando os dois últimos remanescentes do que outrora havia sido uma coleção de fato. E então eu senti novamente. E fiquei me perguntando se ainda havia alguma garota de sete a dez anos que ainda colecionava papéis de carta, ou melhor, se ainda existiam papéis de carta para se colecionar. Lembrei das vezes que ia na papelaria escolhê-los, das trocas entre as garotas na escola... Naquela época... papéis de carta, pular elástico, pega-pega, esconde-esconde... As meninas ainda pulam elástico?

Enfim, depois destas divagações não pude mais simplesmente ir jogando os papéis aleatoriamente no lixo. Então chegou a vez das agendas e dos diários, e encontrei bilhetes de quando estava na quinta, sexta série. Recados das amigas de infância... Bons tempos... E recados das amigas da adolescência, estas que posso rever se pegar o telefone e marcar alguma coisa. Estas ainda estão ao meu alcance. Mas é inevitável você ler tais papéis e não perceber como se está diferente, ainda que pareça a mesma. Os recados não mudaram muito das amigas de infância para as amigas da adolescência: Você é uma grande amiga; Continue sempre assim; Espero que nossa amizade não morra... Não morreu. Posso não vê-las mais, mas o carinho que sentia por elas permanece o mesmo, a saudade que senti quando revi os bilhetes pôde me dizer isso.

Fico feliz de ser essa pessoa que guarda de tudo. Nem sabia que havia guardado bilhetes do meu namorado de infância, mas estava lá. É uma sensação engraçada, mas boa. Talvez seja por isso que ainda guarde até os papéis de bala que meus amigos me dão como recordação. Eles dão risada na hora, dizem para eu jogar fora, mas eu guardo, porque algum dia vou abrir uma velha caixa, e ele vai estar lá, e vou lembrar daquele dia, daquelas risadas, e vai ser bom, vai ser muito bom lembrar dos amigos que tive, e dos que ainda estarão ao meu lado.

Eu tinha essa teoria, de que a amizade é o tipo de amor mais puro que podemos ter, e por isso devemos cuidar muito bem dos nossos amigos. Foi bom relembrar os velhos tempos, para lembrar desta teoria.

Depois de tanto tempo posso dizer que a amizade não morre, não quando ela foi bem cuidada durante o tempo em que foi forte e viva. Por que mesmo depois de anos, se você lembrar de uma pessoa que foi muito importante e sentir sua falta, então a amizade não morreu, porque o amor nunca morre.  

Amo-vos.

Cc.

7/18/2010

Divagações - Ilusão

Alguns dizem que tudo é uma ilusão - Deus, o universo, a vida.

Mas o fato é que todo mundo se ilude. Alguns acreditam em fadas, outros em extra terrestres, uma grande maioria acredita em um ser superior que criou todos e que comanda nossas vidas, este ser que chamam Deus. Mas mesmo quem não acredita nele, ilude a si mesmo. A ilusão faz parte do ser humano, assim como a raiva, a paixão, a ganância, o amor... Todos nós nos iludimos, de alguma forma.

O problema não é a ilusão em si, mas os atos que as pessoas tomam a partir dela. Crer ou não em um ser superior é o menor dos problemas da humanidade. Existem ilusões piores, que levam a fins inesperados. De uma certa forma, creio, o Homem ainda precisa da ilusão, mas também acredito que já é hora de aprender a lidar com as conseqüências

Como sempre, o Homem precisa aprender a ouvir sua consciência. Não são as ilusões, as paixões, os sentimentos o problema, mas sim a falta de consciência, de respeito, a falta de amor.

E poderia enumerar ou relatar incontáveis faltas do ser humano, falar sobre ódio, raiva, violência, mas sempre acabaria chegando aqui. Porque em todas as épocas, através dos milênios, são as nossas escolhas, as nossas atitudes diante das ilusões e dos sentimentos, que nos trouxeram até aqui.

E o que guia nossas escolhas?

Não que esteja tentando simplificar algo que parece tão complexo, mas o fato é que é simples! A resposta é simples; chegar até ela, aí mora a complexidade da condição humana.

Que o diga Douglas Adams, com seu simplório 42.

C.C.

7/11/2010

OST e outros blablablás

Sempre soube que em filmes, séries, novelas, a trilha sonora estava lá para aumentar mais ainda o drama de uma cena e tocar o coração dos telespectadores, então, de um tempo pra cá, comecei a prestar mais atenção nas trilhas sonoras de filmes e séries que assisto, sendo que às vezes me prendo mais às músicas que às cenas em si ^^"

Então comecei a catar trilhas sonoras, e agora se vejo algum filme/série/anime que eu gosto muito, fico que nem doida até encontrar sua OST (original soundtrack) e uma das OST que tenho que mais chama minha atenção (e me faz derramar algmas lágrimas, confesso) é de Buffy. Sim, Buffy - A caça vampiros.  O compositor Christophe Beck e o roteirista Joss Whedon possuem o dom de fazer a cacau virar manteiga derretida. As cenas dramáticas de Buffy (que por si só já são o suficiente para me fazer ficar com um nó na garganta) junto com aquele dueto de piano (meu ponto fraco!!!) e violino, fazem o nó na garganta se transformar em um rio -_-'

Então, como adoro fazer um post homenageando escritores, livros patati patata, este é para homenagear Christophe Beck, sem dúvida um dos meus compositores preferidos *__*

Colocar um vídeo ia demorar séculos, então vou deixar só o link de Close your Eyes, uma das minhas músicas preferidas do Score de Buffy^^

Close your eyes (piano)

C.C.




7/06/2010

Sobre cinema e literatura

"(...)Bons ou ruins, os filmes quase sempre causam um efeito redutor nas obras de fantasia.

(...)Os filmes, afinal,são apenas uma ilusão em movimento formada por milhares de fotografias imóveis. A imaginação, no entanto, se move junto a seu próprio fluxo da maré. Os filmes, mesmo os melhores, congelam a ficção - qualquer um que já tenha visto Um Estranho no Ninho e depois lido o romance de Ken Kesey achará difícil ou impossível não ver o rosto de Jack Nicholson em Randle Patrick McMurphy. Isto não é necessariamente ruim... mas é limitante. A glória de uma boa história é de que ela seja ilimitada e fluente; uma boa história pertence a cada leitor na sua própria maneira particular."

Stephen King, no prefácio da nova edição de A Dança da Morte.

C.C.

7/02/2010

Falling leaves...



I was walking across campus at IU on one of those sunny but deceptively cold days. Students buried their chins in collars and walked briskly to class. (Eu estava andando pelo campus de IU num destes dias ensolarados, mas enganosamente frios. Os estudantes enterravam seus queixos nas golas e caminhavam rapidamente para a classe)

A few golden flecks caught my attention as they spun furiously toward the ground. I looked up to see a giant tree ahead, covered with hundreds of blazing yellow leaves, a few of which had started to fall. (Algumas manchas douradas chamaram minha atenção enquanto giravam furiosamente em direção ao chão. Eu olhei para cima e vi uma árvore gigante à frente, coberta com centenas de folhas amarelas chamejantes, algumas das quais começavam a cair) 

The next thing I knew showers of these leaves started falling. (A próxima coisa que pude perceber foi que uma chuva destas folhas começou a cair)

The tree seemed to be letting go, all at once. It was so remarkable that everyone on campus stopped. (A árvore parecia estar deixando ir, todas elas. Foi tão marcante que todos no campus pararam) 

Students, professors, people driving down Indiana Avenue—we all stopped. And stared.(Estudantes, professores, pessoas dirigindo pela Avenida Indiana - todos nós paramos. E olhamos) 

Within ten or so minutes the ground was covered in a thick blanket of yellow and the tree was nearly bare. Everyone remained frozen, taking in the strangely beautiful sight, then slowly resumed their courses. (Em mais ou menos dez minutos o chão estava coberto por um espesso manto amarelo, a árvore estava quase nua. Todos permaneceram congelados, admirando aquela visão estranhamente bela, então, lentamente, retomaram seus caminhos).

Tirado de: http://moonsandjunes.wordpress.com/2009/02/04/the-ginkgo-tree/

Eu gostaria muito de ter presenciado uma cena dessas *___*

Só de imaginar... Acho que teria chorado, quase chorei só de imaginar a cena ^^"

*Na foto são árvores de ginkgo.

C.C.

6/28/2010

Reflexos

Desço do meu palácio, no alto da montanha. Senti como se uma brisa gélida cortasse minha pele e penetrasse minh'alma. Os quartos escuros, a casa vazia, a chama, trêmula, pela brisa se extinguia. Sentia um arrepio correndo-me a espinha, sentia uma voz que em meus ouvidos dizia: Nem uma palavra.

Do alto da montanha, ainda noite contemplo a escuridão da casa que antes fora minha. A lua permanece escondida, sua luz fantasmagórica contendo uma mansão vazia, a mansão que meu coração habitava.

C.C.

6/24/2010

No Centro




É uma ilha. As pessoas passam por ela, mas ninguém a vê. E apesar do barulho, o silêncio parece agradável. Um lugar para ficar a sós consigo mesmo - não para ficar sozinho. Um lugar onde o verde cresce, pois esqueceram-se que ele existe, onde as árvores crescem, pois as esqueceram também. Um lugar onde o vento toca levemente as folhas no alto das copas das árvores, onde os pássaros aparecem só de passagem. As vozes são trazidas pelo vento, passam por corredores escuros, corredores antigos, paredes que já viram mais pessoas e ouviram mais vozes do que podemos imaginar só de olhar pára elas. Se alguém olhasse.
Flores, vento, pássaros, vozes, pessoas, verde - silêncio.
A ilha que ao ser ignorada até por seus próprios moradores, esqueceu que está viva, e por pensar-se morta, deixa que a vida passe ilesa por ela. Sinais de morte são as ruínas que se formam a cada dia. São os insetos que a invadem, o mofo que a decora.
Estou no meio desta ilha. No centro de seu coração silencioso e inerte, num dia de outono. Hoje ouvi a ilha, hoje tornei-me a ilha, e sinto sua desolação e sua ruína, sou a ruína e a desolação. Posso sentir os milhares de passos que a pisaram, posso ouvir as milhares de vozes que nos seus corredores falaram. Mas dentro do centro - silêncio. E dentro do meu peito - silêncio.
Mas minha alma agita-se como agita-se a vida que outrora existiu na ilha. A memória traz o caos, o presente: a inércia.

C.C.

6/18/2010

Espera...


Eu to esperando um download terminar, e mais alguma coisa. Mais alguma coisa... Aquela coisa que você espera sem saber ao certo o que é, sem se dar conta. E enquanto o tempo passa e as pessoas à sua volta mudam, você continua sentado, olhando para os lados, esperando...

E se alguém chega e pergunta "o que você está fazendo?" Você responde "nada."

Que resposta poderia dar uma pessoa que espera sem saber o quê?

Acho que o importante nestas horas de espera, é olhar em volta. Como num consultório, ou numa fila de banco. Você começa a prestar atenção nas pessoas e no ambiente ao seu redor, e quando menos espera, já é a sua vez. Assim, sem que você perceba, aquilo que você esperava aparece e você pode seguir em frente. Mas se seus olhos estiverem fechados, "aquilo" irá passar e você correrá o risco de ficar sentado no mesmo lugar, esperando... sem saber que espera.

C.C.


6/05/2010

Angel Of Mine




You are everything I need to see
Smile and sunlight makes sunlight to me
Laugh and come and look into me
Drips of moonlight washing over me
Can I show you what you want from me

Angel of mine, can I thank you
You have saved me time and time again
Angel, I must confess
It's you that always gives me strength
And I don't know where I'd be without you

After all these years, one thing is true
Constant force within my heart is you
You touch me, I feel I'm moving into you
I treasure every day I spend with you
All the things I am come down to you

Angel of mine
Let me thank you
You have saved me time and time again
Angel, I must confess
It's you that always gives me strength
And I don't know where I'd be without you

Back in the arms of my angel
Back to the peace that I so love
Back in the arms of my angel I can finally rest
Giving you a gift that you remind me

Angel of mine
Let me thank you
You have saved me time and time and time and time again
Angel, I must confess
It's you that always gives me strength
And I don't know where I'd be without you

Angel of mine
Can I thank you
You have saved me time and time again
Angel, I must confess
It's you that always gives me strength
And I don't know where I'd be without you
...without you.

Evanescence

C.C.

6/04/2010

A maior solidão...

A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana.

A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo,
o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro.

O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se,
o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflete. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes de emoção, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre.

Vinícius de Moraes

C.C.

6/02/2010

Reflexos

Mãos que tremiam, enquanto as palavras o atingiam. Mãos frias que buscavam refúgio em outras mãos, sem encontrar abrigo. O rosto voltara-se para o horizonte, a face pálida, lábios cerrados contendo um grito de desespero. Fitava a paisagem, nuvens densas e escuras, explosões de lava à sua frente. Nuvens densas e escuras também recobriam seu coração naquele momento, e as mãos cerradas, segurando uma rosa branca, continham a visão da erupção iminente de sua alma.

- Adeus...

Um soluço. Uma lágrima escapou de seus olhos iluminados em tons de vermelho e cinza. Virou a face pálida para o lado e deixou escapar um sussurro rouco, enquanto fitava-a afastar-se lentamente: 

- Meu amor é como um vulcão que dorme, mas nunca se extingue.

C.C.

5/25/2010

Dia da Toalha



FELIZ DIA DA TOALHA!!!

Eu levei minha toalha para passear na facul hoje^^

^^/

C.C.

5/15/2010

Outra vez...

Olá! Senhoras e Senhores.

"Outra vez..." refere-se ao fato de que, outra vez, meu corpo se rebelou contra mim no momento em que eu mais precisava dele. Estou aqui, diante do computador  - de fato, ao ligar meu computador, cheguei até a identificar-me com ele, pois sinto-me como um Xp com vírus, lerdo que só - um tanto acabada, repetindo para meu corpo: Meu amigo! Seja forte, pois preciso de você para resolver aquelas integrais e calcular aqueles volumes de sólidos de revolução, e áreas, e fazer gráficos bonitos de rosáceas e limaçons, patati patatá...

Mas ele ouve? Não. Em vez disso, deixa-me aqui, com dor de cabeça (e olha que já tomei café TT_TT) e perdendo meu cérebro... 

Enfim, vou recostar-me nesta cadeira nada confortável, assistir um anime, e juntar forças para sentar em outra cadeira desconfortável para resolver aquelas integrais e tirar uma nota razoável na prova de segunda =D

E aos que não estão lutando contra um vírus dentro de si mesmos, desejo-lhes um bom fim de semana! E aos que estão, bom, vocês têm minha solidariedade.

Até!

C.C.



5/11/2010

Sorte de Hoje


"A melhor maneira de se encontrar é se perder em benefício de outros."

Sr. Orkut

C.C.

5/10/2010

Sunny Day

Hoje o sol está só no céu, e seus raios tocam as árvores iluminando-as e as deixando ainda mais verdes. O vapor que exala das plantas, espalhando-se pelo ar; uma típica manhã fria e ensolarada, depois de uma noite chuvosa.
Tudo isso meus olhos registram, lembrando-me do milagre diário - plantas e animais, um inalando o exalar do outro - o milagre da vida.
Olho em volta, à procura de outro olhar encantado, mas só o que vejo são pessoas que recém acordaram e aguardam o início de mais um dia. Eu fecho meus olhos e revejo a cena. Os raios solares infiltrando-se pelas copas das árvores, iluminando pequenos espaços sombrios, clareando tons de verde, dando o combustível que nos mantém vivos. E só eu paro para admirar tamanha beleza. Dizem que ela, a beleza, está nos olhos de quem vê; pergunto-me quando as pessoas irão parar para enxergar o mundo à sua volta. Quando abrirão os olhos?

30/03/10

C.C.

5/05/2010

Passion

"Passion. It lies in all of us. Sleeping... waiting... And though unwanted... unbidden... it will stir... open its jaws, and howl. It speaks to us... guides us... Passion rules us all. And we obey. What other choice do we have? Passion is the source of our finest moments. The joy of love... the clarity of hatred... and the ecstasy of grief. It hurts sometimes more than we can bear. If we could live without passion, maybe we'd know some kind of peace. But we would be hollow. Empty rooms, shuttered and dank... Without passion, we'd be truly dead."

"A paixão, ela está presente em todos nós, adormecida, à espera. Ainda que não seja desejada, que não seja procurada, ela entrará em ebulição, abrirá as suas mandíbulas e uivará. Ela fala conosco. Nos guia. A paixão nos comanda, e nós obedecemos. Que outra escolha temos? A paixão é a fonte dos nossos melhores momentos. A alegria do amor, a clareza do ódio e o êxtase do desgosto. Às vezes dói mais do que podemos agüentar. Se nós pudéssemos viver sem paixão, talvez conhecêssemos algum tipo de paz...Mas seríamos vazios. Salas vazias, fechadas e úmidas. Sem a paixão, estaríamos mortos de verdade."

Angelus em Passion - episódio 17 da segunda temporada de Buffy.
C.C.

5/01/2010

Alice in Wonderland - Tim Burton


Antes de mais nada, apresento-lhes o motivo para assisti-lo:

É dirigido por Tim Burton.
Exatamente por isso, não espere uma adaptação fiel. Vá ao cinema tendo em mente que é um filme de Tim Burton e com certeza você não irá se decepcionar. Foi o que fiz e digo-lhes que funcionou =D
Não é o melhor filme de Burton, mas vale a pena assisti-lo no cinema, em 3D e legendado!
Sim, pois de outra forma você perderá o outro motivo para assistir ao filme: O sotaque britânico de Alan Rickman *_* (Sem falar na voz do dito cujo).

Outro motivo: Johnny Depp. Leia Alice no país das maravilhas e assista ao desenho da disney e ainda assim você não encontrará o que Johnny fez pelo chapeleiro. 
Tinha lido algumas críticas a respeito da atriz que interpreta a alice, mas devo dizer que gostei bastante da atuação de Mia Wasikowska (e do seu sotaque britânico) - He.

Outro motivo? A trilha sonora. Danny Elfman excelente como sempre. Não se preocupe, a participação infeliz de Avril Lavigne só se faz presente nos créditos finais, motivo pelo qual quase saí correndo do cinema, mas valeu a pena esperar o fim da tortura e ouvir Alice's Theme, do meu amado Elfman*-*

Quer mais? O figurino. Mias ainda? A inconfundível atmosfera Burtoniana. 
E ainda temos Helena Bonham Carter (incrível como sei escrever o nome dela e tenho tanta dificuldade para pronunciá-lo o_O) como a Rainha Vermelha, e Anne Hathaway como a Rainha Branca.

Acho que não esqueci nada... xD

C.C. 


4/18/2010

Quando as coisas começam a andar

Quanta vida ganhamos ao quebrar nossas correntes! Eu já disse o quão fácil pode ser? Talvez seja fácil agora que comecei. Mas é sempre assim não é? Começar é que é o difícil...
Mas de repente você percebe que é possível. Passei muito tempo me lamentando, procurando tudo de errado que existia dentro de mim; fiz uma lista mental. Mas ao invés de tentar entender o que estava errado e de tentar mudar, preferia me culpar. Já percebeu como é fácil culpar a si mesmo? Tão fácil quanto culpar o próximo. O difícil mesmo é você parar de se lamentar e de alimentar a culpa, transformá-la em algo útil, aprender com ela, e seguir em frente. Uma pessoa pode nadar anos no mesmo lugar, sem saber por que sua vida é sempre igual, sempre os mesmos problemas, as mesmas incomodações, sem perceber que algo só "acaba" quando você resolve pôr um ponto final.
Já perdi a conta de quantas vezes escrevi isso aqui, mas talvez de tanto bater na mesma tecla a mensagem entre na cabeça (na sua e na minha, por que é fácil esquecer disso com a cabeça quente): Só depende de nós.
E depois que aprendi a colocar mais isso em prática, as coisas começaram a melhorar, como se diz, começaram a andar.
E eu percebi que não adianta culpar os outros. As pessoas vêem aquilo que elas querem ver, e a única coisa que podemos fazer é tentar compreender, e ficar com os olhos abertos, para não cometermos o mesmo "erro."
Acho que minha filosofia de "um passo de cada vez" está se provando correta, o que me deixa feliz e disposta a seguir em frente^^

Por hoje é só, chega de  "terapia" - como disse o Leo xD

C.C.

4/17/2010

Viajando com poesia

Não sou o fim do fim

Sou um resto de água,
Não o fundo do poço.
Sou gente cansada,
cansada moço.

Sou o fim da caminhada,
Não fim do caminho.
Sou taça quebrada,
Não o fim do vinho.

Alzemiro Lídio Vieira

3/28/2010

Aquele que não pode ser definido

Não tinha forma, o que tornava impossível descrevê-lo. Não tinha cor ou cheiro; também não era possível tocá-lo. Talvez fosse mudo, ou cego, até mesmo surdo. Não produzia som algum, e parecia não se importar com as palavras, os lamentos, a súplica.
Ainda assim, existia. E todos o sabiam, todos algum dia o conheciam. E era mais real que o ar que respiravam, ou o céu que enxergavam, ou as palavras que ouviam; era mais real que qualquer superfície que pudessem tocar. Muitos sofriam com sua chegada, enquanto outros diziam subir aos céus.
E ele estava aqui antes de nós, ou talvez tenha surgido quando o primeiro homem pisou sobre a Terra, ninguém sabe ao certo.
E desde então geração após geração tenta explicar sua existência. Tentam explicar os efeitos que causa nos seres humanos, tentam explicar como algo que ninguém sabe o que é, algo que ninguém pode tocar ou ver, ou ouvir, como algo que parece não existir, existe.
Pois ele simplesmente continua, através dos anos; sua força gerando e mudando, aperfeiçoando e moldando, criando e transformando.
Alguns tentam desacreditá-lo, mas no fim acabarão sendo envolvidos por sua teia.
Seu poder é imenso, e quando chega explode, gerando uma força que não pode ser parada.
Para algo que não pode ser explicado, só encontra-se uma definição: Ele é.
O Amor, simplesmente É.

- Para os poucos que acreditam que o amor pode mudar o mundo, mudando a nós mesmos.

C.C.

3/23/2010

Perfect Imperfections


Por todos estes anos eu tenho procurado
Pedia à noite, no escuro
Por um amor que mudasse minha vida

Você veio para mim
Tão perfeito em suas imperfeições
Que eu não pude acreditar
E fechei meus olhos

Eu tive medo, meu amor
De que este fosse apenas mais um sonho
E quando eu abrisse meus olhos
Você tivesse desaparecido

Então eu sentia seu cheiro
E tocava sua mão
E sentia perto do meu peito
As batidas do seu corção

E eu abri meus olhos sem medo

Você é tão real
E sinto falta de seu abraço nestes dias
Sinto falta de seus lábios no meu pescoço
Sinto falta de suas mãos nas minhas

Você poderia viver dentro de mim?
Assim eu nunca sentiria sua falta
Você poderia?
E eu nunca sentiria sua falta novamente.

C.C.

3/19/2010

Aqueles Dias...

Adoro quando acordo e tudo dá certo, vem aquele sentimento tão bom, tão agradável, de querer mandar todo mundo pra espaço! *agora começa a tocar Fuck you, de Lily Allen, no mp4 - música perfeita para o dia de hoje*
Aí termino o dia cantando (e ouvindo o coro do samuca e do delio na minha cabeça, como acompanhamento) Oh! Fail day!
Mas o dia já acabou? Não senhoras e senhores, ele acaba de começar!
E tenho uma aula de laboratório pela frente, já que perdi a de física, por que aparentemente meu travesseiro estava com saudade...
E eu aproveitei este fato para tirar as teias de aranha do blog. Pelo menos alguém sai ganhando, não é?

Mas tudo bem
Tudo bem, tudo beeeeem...
(...)Acho que estou gostando de alguém...*

Desculpe, foi mais forte que eu =X
Já disse que odeio os hormônios? Parte disso é culpa deles *aí vc sussurra: ela deve estar na TPM...*
Bingo!
Quero comer tudo que vejo, e aí dá tudo errado, e não paro de me bater em tudo quanto é lugar, e quero mandar todos pro inferno, mas também quero que todos estejam comigo, por que to carente, e é aí que todo mundo SOME! E sento na frente da tv pra ver um filme romântico, mas são sempre dramáticos, e eu choro! Aí tenho que comer um chocolate.
Viu? Odeio hormônios ¬¬'
Se você é homem, sinta-se feliz! Mas não enquanto lê esse texto ò_Ó

Então para encerrar, desejo a todos um bom dia, porque alguém tem que ter...

^^/

C.C.

*Música Giz, de Legião Urbana

3/18/2010

Ode à minha lapiseira


Com ela escrevi
meus melhores poemas
Com ela rabisquei
meus melhores desenhos.

Ela estava presente quando
Em uma prova ou mais
Meu cérebro ferveu
e meus olhos lacrimejaram.

Estava presente quando
após muito matutar
meu cérebro deu um tranco
e meus olhos iluminaram-se

Minha lapiseira,
Você testemunhou meu pranto
quando meu coração foi partido
testemunhou minha luta
entre textos sombrios
alguns alegres
outros esperançosos...

Sempre esteve ao meu lado
Desde aquele dia
onde ouvi seu chamado
em uma estante de supermercado

Desde aquele dia
em que te libertei daquela prisão
daquele canto isolado
E você me foi fiel
nunca me deixou na mão...

Após tantos anos
seis anos, minha querida
Abri meu estojo, o seu lar
E você não estava lá.

E você não está
em lugar algum
e meu coração sofre
será que alguém,
além de nós
poderá entender?

Onde estará, minha companheira?
Onde estarás...
Será que te tratam
com o respeito que mereces?
Será que sabem
do teu valor?

Mas espera,
E te trarei de volta.
Espera e te encontrarei.
E seremos novamente
felizes a escrever.

Pois não há lápis ou lapiseira
Que te possas substituir,
nem uma Pentel metida
Que me ofereceram,
quando te perdi.


C.C.




3/16/2010

We want Wonderland!

Eu quero ver Aliiiiiceeeeee!!!!!!!!!
Eu quero, eu quero, eu quero, eu quero TT_TT

A pessoa acabou de ver outro trailler, e quase teve um treco, no computador da faculdade, se segurando pra não gritar: EU QUERO VER ALICE!!!!!!

Tio Burton, assim vc acaba com a cacau, por que vc faz filmes tão bons? *-*
Ainda vou completar minha coleção de Burton's MUA HUA HUA HUA

Ok. Era só isso =D

Enjoy the noise! I mean, the silence =X

C.C.

2/20/2010

Reflexos



Não eram os pássaros que a incomodavam - o canto, as cores, o vôo perfeito - também não poderiam ser as flores, ou o perfume doce que a brisa delas trazia, impregnando o quarto, inundando seus pulmões. Lembrava-se de ter fechado os olhos naquele dia por alguns minutos, deitada na cama, sentindo o aroma que vinha do jardim, ouvindo o canto dos pássaros, os murmúrios que vinham dos outros quartos. Lembrava-se também de ouvir o choro de uma criança, incessante, ouviu o choro que vinha do fim do corredor, e continuou, ininterrupto, passando pela porta de seu quarto e seguindo até a saída. Poderia ter aberto os olhos para espiar a criaturinha - a enfermeira havia deixado a porta aberta ao sair - mas não, de fato, havia apertado ainda mais os olhos, transformando as manchas coloridas que via em manchas escuras, que dançavam à sua frente.
Então, quando havia desistido de lembrar o que a perturbara naquela tarde de dezembro, e só agora sua mente a fazia perceber que havia sentido tal desconforto, uma imagem brotou em sua mente, fazendo com que desviasse os olhos da rua e com um pequeno sobressalto - do tipo que temos quando lembramos de algo importante que esquecemos de fazer, como desligar o forno - encarou a mesa à sua frente, deixando que a imagem viesse, aos poucos, e se completasse. Foi um pouco mais tarde, quando a enfermeira havia retornado à seu quarto, deixando ao lado de sua cama uma caixa de doces com um cartão. Aquele cartão. O cartão que ela havia guardado dentro da bolsa mais tarde sem ao menos se dar ao trabalho de abrir. O cartão que provavelmente havia ido parar em alguma lata de lixo em uma de suas limpezas mensais. Aquele cartão continha a última coisa que seu amor havia lhe dito na vida.
Ela ficou ali, sentada na cafeteria, olhando para a mesa e imaginando o que ele poderia ter escrito para ela. Imaginando que talvez ali estivesse registrado o último "Eu te amo" que ele lhe diria, pelo resto de sua vida.

C.C.

2/06/2010

Sobre amizade, o tempo e a vida.

Ultimamente tenho pensado muito sobre isso, mas não tinha parado ainda para colocar no papel... Estava me sentindo meio... bloqueada. Acho que a visita de hoje foi o que faltava para conseguir colocar de novo no papel meus pensamentos. Uma amiga querida, amiga da minha mãe, poderia até dizer amiga de família, da nossa pequena família, mama, clarita, chico e eu. Eu estava no pré quando a mãe a contratou para trabalhar no maternal, recem aberto. E desde então, está nas nossas vidas. Ana Banana, como ri com ela - ou deveria dizer: dela, ou para ela? Era a pergunta que sempre fazia: Tá rindo de mim, ou pra mim? E eu ria mais ainda.
Não faz tanto tempo assim - uns anos talvez - que não nos vemos, mas só agora pensei a respeito, a respeito de quanto tempo a ana  banana faz parte de nossas histórias, de nossas gargalhadas, de nossas vidas. Tenho muito carinho por ela; carinho, amizade, respeito. Acho que pela primeira vez compartilho de seus sentimentos a respeito do tempo que passou. Ela olha para mim e lembra da menininha de quem ela costumava cuidar quando pequena, a menininha que ela fazia rir, que ia na casa dela, brincava no quintal, comia o pão que a mãe dela fazia. A menininha que agora tem 22 anos. Mas ainda ri com ela, para ela e dela, por que, vocês podem não saber, mas ela realmente é uma figura! É impossível não estar ao seu lado e não soltar uma gargalhada.
E então, hoje ela está aqui, com a sua filha. E amanhã eu vou viajar... Vou passar um tempo na casa da cabeçuda, uma das pessoas a quem dedico o texto abaixo, uma das pessoas que espero encontrar daqui a alguns anos e sentir que a amizade que nos unia no passado ainda existe, uma das pessoas que espero chamar de amiga ainda por muitos e muitos anos. Por um lado estou feliz por ir, muito feliz, e por outro estou triste, creio que vocês já devem ter entendido o por quê.
Enfim, o que estive pensando estes dias, é como o tempo passa rápido. Sim, o tempo passa muito rápido... Num dia você está no quintal de casa brincando com o cachorro, todo cheio de terra e grama, e no outro, tá limpando a terra da roupa do seu filho, no outro do seu neto... Muito rápido, mesmo. Só que a gente não percebe, não é? E não dá valor... Acho que só depois de muito tempo é que a gente percebe que o que mais faz falta são as coisas "pequenas." As risadas, uma tarde embaixo de uma árvore, os amigos reunidos, os sorrisos, os olhares, aqueles gestos característicos, as piadinhas, as histórias... O sol batendo no rosto no inverno, a chuva escorrendo pela pele no verão, o cheiro das flores na primavera, as folhas caíndo no outono... O riso das crinaças brincando, o canto dos pássaros, o som das ondas batendo na praia, uma leitura acompanhada de um café quentinho no inverno *sorriso*. Dizem que a beleza está nos detalhes. E são os detalhes que fazem a diferença. A vida está nas pequenas coisas, não porque sejam pequenas, mas porque as pessoas as vêem assim. São as pequenas coisas que nos mantêm vivos, aquelas com as quais lidamos todos os dias, durante 24 horas; nos acostumamos com elas, e as fazemos pequenas, quando na verdade deveríamos agradecer por elas.  Mas só agradecemos quando o ar nos falta e temos a sensação de que se não pudermos inspirar e expirar imediatamente, iremos morrer. Quando o ar entra novamente nos nossos pulmões, ficamos gratos, e percebemos o quão importante é este pequeno ato, que realizamos o tempo todo, sem parar.
Nos dias de hoje as pessoas podem virar para mim depois de ler isso e dizer: Mas com que tempo? Não tenho tempo para parar e ficar agradecendo simplesmente por respirar, ou para ficar olhando as crianças brincando num parque, ou para admirar a beleza das folhas caíndo e da lua cheia.
E o que eu poso fazer? O que posso dizer?
Estas pessoas que correm contra o tempo, que tentam matá-lo dizendo que não o têm, vão perceber só no fim, que o tempo é que acabará os matando. Porque ele não pára, nem pra mim, nem pra você. O tempo vai passando, passando, e só depende de nós decidir o que fazer enquanto ele passa. Podemos decidir apreciar uma refeição, o sabor do que ingerimos, apreciar a paisagem enquanto estamos dentro de um ônibus, apreciar um pássaro cruzando o céu enquanto caminhamos, apreciar um bebê dando seu primeira passo em uma rua qualquer em que estejamos passando, apreciar o momento em que o ar entra, e o momento em que ele sai. Podemos decidir viver, apreciando a vida em todos os sentidos - pois ela está em todos os lugares; ou podemos decidir apenas existir, correndo contra o tempo, lutando contra o mundo, achando que a vida é aquilo que vemos na tv.

C.C.

1/27/2010

Uno

Não tenho medo pois
O que nos une é mais
que um enlace de braços
que um toque apaixonado...

O que nos une está nos olhos
no brilho que vem da alma
e suave como uma brisa na primavera
perfuma a atmosfera
e enlaça-nos em sua dança etérea

Movendo-nos para perto
Unindo-nos em um laço eterno
como duas galáxias que se encontram
e fundem-se formando algo belo
algo novo, algo único...
Uno.

C.C.

1/21/2010

Revendo ditados

1. A pressa é inimiga da conexão.
2. Amigos, amigos, senhas à parte.
3. A arquivo dado não se olha o formato.
4. Diga-me que chat frequentas e te direi quem és.
5. Para bom provedor uma senha basta.
6. Não adianta chorar sobre arquivo deletado.
7. Em briga de namorados virtuais não se mete o   mouse.  

8. Hacker que ladra, não morde.
9. Mais vale um arquivo no HD do que dois baixando.
10. Mouse sujo se limpa em casa.
11. Melhor prevenir do que formatar.
12. Quando um não quer, dois não teclam.
13. Quem clica seus males multiplica.
14. Quem com vírus infecta, com vírus será infectado.
15. Quem envia o que quer, recebe o que não quer...
16. Quem não tem banda larga, caça com modem.
17. Quem semeia e-mails, colhe spams.
18. Quem tem dedo vai a Roma.com
19. Vão-se os arquivos, ficam os back-ups.  

20. Diga-me que computador tens e direi quem és.
21. Uma impressora disse para outra: - Essa folha é sua ou é impressão minha.
22. Aluno de informática não cola, faz backup.
23. Na informática nada se perde nada se cria. Tudo se copia... E depois se cola.



Recebi hoje por e-mail, quase chorei de rir^^


C.C.

1/19/2010

Sonhos e Cartas



 Aqueles sonhos que te deixam distante o dia todo, tive um novamente. Nada agradável a sensação de que o teto está caindo sobre a sua cabeça, literalmente. A idéia e a visão de que tudo está vindo abaixo e você será esmagado, se ficar parado. Bom, no sonho eu escapei, muito bom não?
O da outra noite também foi esquisito, embora nenhuma parede estivesse desabando sobre mim.
Como passei o dia lembrando do sonho, de repente - agora, para ser mais exata - resolvi dar uma olhada no tarot. Sempre uma boa idéia em dias como o de hoje... Tirei quatro cartas, desculpem, mas a pergunta só interessa a mim^^
Duas delas muito significativas e esclarecedoras por sinal - as 4 na verdade - mas vou ficar só com estas duas por aqui.
No presente a Morte e no futuro o Sol.
É como dizem, a morte pode ser o começo.
Não é a primeira e provavelmente não será a última vez que vou falar isso aqui: o fim, é apenas um ilusão.
Para ser honesta, não é primeira vez que a Morte aparece nestas circunstâncias, e não é a primeira vez que faço esta pergunta, o que tem um significado relevante. Talvez eu devesse apenas aceitar, e parar de me questionar, por que no fundo eu sei que é a coisa certa a fazer. E sempre haverá a carta do Sol, lembrando-me disso.

C.C.


1/16/2010

Velhas Feridas

Um dia você irá lembrar que me amou
E uma lágrima irá correr pelo teu rosto
Ao abrir a velha caixa de recordações
E fitar meu rosto em uma fotografia

Um dia você irá lembrar que me amou
Ao fitar o pôr-do-sol como eu fazia
E tua lágrima companheira irá rolar
Ao tirar da velha caixa as minhas cartas

Irá lembrar dos dias que juntos passamos
E das tardes de sol que juntos roubamos
Então não haverá mais um céu azul
E quando a chuva cair irá bater à minha porta

Encontrá no meu rosto um sorriso amargo
E nos meus olhos verá o brilho que se apagou
Não encontrará nos meus braços nenhum abrigo
E meus lençóis estarão frios

Um dia você irá lembrar que me amou
E encontrará no meu coração indiferença
Seu coração então irá sangrar como o meu sangrou
No dia em que virastes as costas e fostes embora

Um dia você irá lembrar que me amou
E o cantar dos pássaros já não será um consolo
E enfim seu coração será como o meu...
Um coração partido.

C.C.

Assim como existe música de fossa, apresento-lhes uma poesia de fossa^^
Eu teria me dado bem naquela época, das músicas de fossa, eu acho \hum

1/15/2010

Lost and delirious



My bounty is as
(Minha generosidade é)
boundless as the sea,
(tão ilimitada quanto o mar)
my love as deep;
(meu amor é tão profundo;)
the more I give to thee,
(quanto mais eu te dou,)
the more I have,
(mais eu tenho,)
for both are infinite.
(para ambos é inifinito.)

Shakespeare



"O amor é. Ele simplesmente É! Não podem fazê-lo desaparecer, é a razão de estarmos aqui. É o topo da vida. E, quando você chega ao topo e olha para todos lá em baixo está preso nele para sempre, pois se tentar mover-se, você cai, você cai..."
Paulie

C.C.

1/10/2010

Reflexos




Não tema, pois a chuva que lavará teu rosto e varrerá tua alma das ilusões e das meias-verdades está chegando. Vem do Leste e do Sul, atormentando teu sono e inundando teus dias de escuridão.
Chegará sem aviso e cairá sobre ti. A epifania da libertação lhe sorrirá, abrirá os braços e abraçará teu corpo trêmulo em um abraço caloroso e pleno.
Não temas a tempestade que está por vir, pois ela é a chave para tua libertação. Agarre-se a seus dedos fervorosos, e dancem juntos sob o furor do vento que arrasta teus medos para o abismo do esquecimento. E com os braços erguidos, pule junto com ela na correnteza que se formará de tuas lágrimas.
E quando a tormenta passar, não estarás sozinho, pois o sol iluminará tua alma e teu sorriso. Teus olhos serão aliados da Luz, guiando os que buscam em sua luta contra as trevas da ignorância. Como tu eles dançarão sob a chuva, e como tu eles serão iluminados pela luz da verdade.

C.C.

Celebrate Myself






 I celebrate myself,
And what I assume you shall assume,
For every atom belonging to me, as good belongs to you.

I loafe and invite my Soul,
I lean and loafe at my ease, observing a spear of summer grass.

Houses and rooms are full of perfumes—the shelves are crowded with perfumes,
I breathe the fragrance myself, and know it and like it,
The distillation would intoxicate me also, but I shall not let it.

The atmosphere is not a perfume—it has no taste of the distillation, it is odourless,
It is for my mouth forever—I am in love with it,
I will go to the bank by the wood, and become undisguised and naked,
I am mad for it to be in contact with me.

The smoke of my own breath,
Echoes, ripples, buzzed whispers, love-root, silk-thread, crotch and vine,
My respiration and inspiration, the beating of my heart, the passing of blood and air
      through my lungs,
The sniff of green leaves and dry leaves, and of the shore, and dark-coloured sea-
      rocks, and of hay in the barn.
The sound of the belched words of my voice, words loosed to the eddies of the wind,
A few light kisses, a few embraces, a reaching around of arms,
The play of shine and shade on the trees as the supple boughs wag,
The delight alone, or in the rush of the streets, or along the fields and hill-sides,
The feeling of health, the full-noon trill, the song of me rising from bed and meeting
      the sun.

Walt Whitman

"Eu celebro a mim mesmo,
E o que eu assumo você vai assumir,
Pois cada átomo que pertence a mim pertence a você.

Vadio e convido minha alma,
Me deito e vadio à vontade . . . . observando uma lâmina de grama do verão.

Casas e quartos estão repletos de perfumes - as prateleiras estão cheias de perfumes,
Eu mesmo respiro o perfume, e o conheço e gosto dele,
A destilação iria me intoxicar também, mas não vou deixar.

A atmosfera não é um perfume - ela não tem gosto de destilação, é inodora
É para boca minha para sempre - estou apaixonado por ela
Irei ao banco de madeira, tornar-me-ei indisfarçável e nu,
Estou louco para que possa entrar em contato comigo.

A fumaça da minha própria respiração,
Ecos, ondulações, murmúrios sussurrantes, raiz do amor, fio de seda, forquilha e videira,
Minha respiração e inspiração, o bater do meu coração, a passagem de sangue e de ar
através dos meus pulmões,
O farejar de folhas verdes e de folhas secas, do mar, de rochas marinhas escuras,
e do feno no celeiro.
O som do vomitar de palavras da minha voz, palavras soltas para os turbilhões do vento,
Alguns beijos leves, alguns abraços, um alcance de braços.
O jogo de luz e sombra das árvores com o balançar de ramos flexíveis,
O prazer de estar sozinho, ou na pressa das ruas, ou ao longo de campos e altos montes
O sentimento de estar saudável, o gorjeio do meio dia, a música de me levantar da cama
e encontrar o sol.

Foto de Luke Wile Spokane:  blog


C.C.

PS: Fiz o melhor que pude na tradução u_u




1/09/2010

Poesia, que tal?




Se estou só, quero não estar
"Ser feliz é ser aquele.
E aquele não é feliz,
Porque pensa dentro dele
E não dentro do que eu quis."

Fernando Pessoa, Se estou só, quero não estar (2-7-1931)

 Sei bem que não consigo
 Sei bem que não consigo
O que não quero ter,
Que nem até prossigo
Na estrada até querer.
Sei que não sei da imagem
Que era o saber que foi
Aquela personagem
Do drama que me dói.

Sei tudo. Era presente
Quando abdiquei de mim...
E o que a minha alma sente
Ficou nesse jardim.

Fernando Pessoa


Eu levo o seu coração comigo

eu levo o seu coração comigo (eu o levo no
meu coração) eu nunca estou sem ele (a qualquer lugar
que eu vá, meu bem, e o que que quer que seja feito
por mim somente é o que você faria, minha querida)

                    tenho medo

que a minha sina (pois você é a minha sina, minha doçura) eu não quero
nenhum mundo (pois bonita você é meu mundo, minha verdade)
e é você que é o que quer que seja o que a lua signifique
e você é qualquer coisa que um sol vai sempre cantar

aqui está o mais profundo segredo que ninguém sabe
(aqui é a raiz da raiz e o botão do botão
e o céu do céu de uma árvore chamada vida, que cresce
mais alto do que a alma possa esperar ou a mente possa esconder)
e isso é a maravilha que está mantendo as estrelas distantes

eu levo o seu coração ( eu o levo no meu coração)

e. e. cummings

C.C.

1/07/2010

Conto do Reino das Trevas

"Tu viverás num luto eterno, cada sopro de ar que entrar em teus pulmões será como mil agulhas penetrando tua carne, pois não há dor maior, não há maior pesar, não há nada que possas lamentar mais, que sua ausência.
Meu castigo será  teu castigo, minha dor será tua dor, meu lamento será teu lamento, minha loucura será tua loucura. Não haverá cura para nós, pois somos ambos, condenados à ausência.

Sentirá como eu o arrastar dos anos, ouvirá como eu sua voz sussurrante no escuro, sentirá, como eu, seu toque suave em tua pele, viverá, como eu, à espera do fim.
Não serei o único condenado, nem serás o único enlutado.
Viva como puder. Eu tentarei apenas, existir."


Hamon deu as costas para a multidão e o rei, seguindo solitário o caminho que o levaria para fora dos portões da cidade. Só havia um futuro para ele, e era negro, amargo, triste, solitário e eterno.

C.C.

1/01/2010

2009

Recordarei este ano como sendo o mais comprido de que tenho memória. Tão comprido me pareceu, que para mim fatos ocorridos no inicio do ano parecem fazer parte de outro ano o_O
Incrível... Descarto o primeiro semestre. Fora os momentos felizes e agradáveis que passei junto aos amigos, fora os momentos em que a Laruxca me salvou de ter um ataque de nervos - e ela nem  deve desconfiar disto, mas agradeço assim mesmo - o incio do ano foi um verdadeiro inferno. Então guardo esses momentos de paz e alegria que me salvaram, e jogo o resto no esquecimento.
Mas, como nem tudo é escuridão, parece que para compensar um inicio desastroso reuni toda energia que me restava durante as duas semanas de ferias no meio do ano e recomecei. E como valeu a pena!
O segundo semestre foi o paraíso em comparação com o primeiro o_O
Samuca tocando piano na igrejinha faz parte dos "Melhores momentos" de 2009 XD
Almoços no Vermelhinho com os amigos e agregados \o\ /o/
Discussões sobre 1958. As tardes quantes debaixo de árvores na graminha *-*
E encontrei uma pessoa que me ama, isso me deixou muito feliz^^
Só tive umas poucas preocupações, mas tudo bem^^
E... Bom, acho que é isso. Não vou estragar a fase do "paraíso" com os poucos momentos ruins que enfrentei.
Mas posso dizer que o que aprendi este ano foi a evitar a queda. Depois de aprender a levantar, finalmente aprendi a não cair, e isso, senhores (as) deixa-me muito feliz! E peço todos os dias para não esquecer desta lição, e para continuar seguindo em meu caminho, para não cair novamente^^

Enfim, é isso \o/

FELIZ ANO NOVO
ADEUS ANO VELHO

Até mais pessoas!

Continuem aparecendo por aqui, lendo minhas viagens, serão sempre bem vindos XD

C.C.