12/28/2010

Labirinto

O vento frio... Penetrando em minha pele, a fúria do mar, jogando-se impiedosamente contra os rochedos, tentando a todo custo, durante anos sem fim, penetrar no coração das rochas. Como eu tentei penetrar em seu coração. Uma muralha tão alta e tão imutável quanto esta em que me encontro agora. Pouco a pouco, eu penetrei em suas defesas, eu rompi algumas barreiras, mas assim como este oceano, assim como estas ondas, não foi o suficiente para chegar atá aquilo que se esconde em um lugar ainda mais protegido e inalcançável, e assim como estas ondas, eu continuei tentando, eu continuei lutando mas...
Toda vez que pensava chegar mais perto, você se afastava, e então eu percebia que era apenas mais um barreira, apenas mais uma, dentre as incontáveis barreiras que ainda teria que enfrentar. Meus dedos não podiam nem ao menos tocar na superfície daquilo que se escondia nas profundezas dos seus olhos.
Eu não sou imortal, como o oceano que se estende aos meus pés, nem implacável em minha luta. Minhas forças foram aos poucos se esgotando, minha vontade foi aos poucos esmorecendo, e as barreiras eram ainda tantas...! Eu me vi então, debatendo-me contra as paredes que cercavam seu coração, sem forças, as lágrimas correndo livremente pelo meu rosto, e você não me ouvia! E eu me vi completamente só, perdida no labirinto que te protegia.


12/25/2010

Sobre a beleza

Essa semana, depois de uma faxina, fiquei sentada navegando na internet e de repente me peguei pensando - novamente - sobre a beleza. E o que desencadeou a série de pensamentos que me levaram a escrever este texto agora foi um dos últimos livros que acabei de ler, A Dança da Morte, do Mestre Stephen King. Antes eu o chamava de Mestre só pra fazer brincadeira, afinal nem li tantos livros dele assim, mas agora... E você deve estar se perguntando: o que diabos tem a ver Stephen King com a beleza?

Bom, eu sou apaixonada por tudo que é belo, isto é um fato. Desde uma flor no jardim, um inseto colorido que pousa em minha mão, até obras de arte, filmes, músicas, peças de teatro, fotografias, etc, etc, etc... O que me surpreendeu em A Dança da Morte foi exatamente isso. Eu já li muitos livros nesta curta existência, dos mais variados tipos, e já me apaixonei por vários, por suas tramas, seus personagens, a atmosfera e por aí vai, mas eu nunca havia parado para pensar na beleza destas obras. E por beleza eu me refiro à estética da escrita, da maneira como o escritor descreve determinada cena. E pela primeira vez, eu reparei nisto, e foi lendo A Dança da Morte.

Desde a primeira vez que abri o livro e o fechei, eu repetia para mim mesma: Isto é lindo!

E então, eu comecei a pensar na beleza. É um termo tão abrangente! Qual a definição de beleza? Segundo a wikipédia: A beleza é uma experiência, um processo cognitivo ou mental, ou ainda, espiritual, relacionada à percepção de elementos que agradam de forma singular aquele que a experimenta. Suas formas são inúmeras, e a ciência ainda tenta dar uma explicação para o processo. *

Sempre pensei no que é belo como sendo algo que nos desperta, que toca em algum ponto dentre de nós e nos faz baixar a guarda, penetrando em nossas defezas. Outro dia estava no centro de florianópolis com meu namorado e ouvi um coral, o som vinha do centro da praça, e as vozes eram harmoniosas. Eu estava reconhecendo algumas músicas, meu interesse se despertou quando começou a tocar (I can't get no) Satisfaction, dos Rolling Stones. A voz da mulher... Sou apaixonada por canto lírico. Então, de repepente, aquela melodia... Aquela voz suave... Era Angel of Music, do Fantasma da Ópera. Simplesmente pulei do banco, agarrei a mão do Eduardo e o arrastei para lá, foi mais forte que eu! Quando começou The Phantom of the Opera, com aquele coral atrás, usando máscaras, e o cara vestido de fantasma, cantando AO VIVO (eu podia jurar que eles estavam dublando pela perfeição e pela beleza, mas não!), eu me arrepiei toda e quase comecei a chorar ali, no meio daquela multidão, na ponta dos pés, tentando enxergar a Christine ser arrastada por aquele pequeno espaço pelo Fantasma. E a voz, a voz! Uma perfeição! Quem já ouviu a música sabe que aquele final é de tirar o fôlego, e eu quase fiquei sem, enquanto sentia meu corpo todo se arrepiar. E aquele momento, naquela praça, cheia de gente, pessoas comuns, fazendo uma parada para ver um show na rua enquanto se preparavam para voltar às compras de Natal, foi um dos momentos mais belos deste ano para mim. Pela interpretação, pela surpresa de ouvir aquela música de repente, com o edu ao meu lado, com as pessoas à minha volta, todos focados naquela garota (a desgraçada não devia ter mais de 19 anos) com uma voz capaz de nos arrancar de nossas fortalezas, de nossa rotina, da correria para comprar presentes, do caos do dia-a-dia. Acho que a beleza se resume a isso. Uma cena, uma música, uma palavra, algo que nos faz sair do aqui e agora e nos transporta para outro lugar. Nos faz pensar, nos faz sentir. Nos faz humanos. Eu sou completamente apaixonada por tudo que é belo, e tento buscar a beleza em todos os lugares. É quase como um vício, acho. Eu adoro sentir aquela fisgada no estômago, aquela sensação de enternecimento. A beleza de um olhar, alegre, sedutor, triste, sereno, sofrido... Olhares são apaixonantes, e belos. Tenho essa mania de olhar nos olhos das pessoas, e sinto-me muito desconfortável falando com alguém de óculos escuros. Eu preciso ver as reações no olhar, porque ali tudo fica claro. A beleza de uma noite estrelada, das árvores florindo na primavera, de um céu azul límpido, ou cinza chumbo, antes de uma tempestade.

E os detalhes. Afinal, a beleza mora na sutileza dos detalhes.

Sei lá, me empolguei aqui, e não falei nada do que queria ter falado antes, mas acho que deu pra entender alguma coisa^^'

Outro dia tento amadurecer mais essa idéia e escrevo algo decente. Já são quase 2:00 da manhã, meus olhos e meu cérebro imploram por uma noite de sono xD

*achei interessante^^

C.C.



Reflexos

Frio e chuva. Meus olhos tentam se acostumar com a luz clara que aos poucos tira o foco de tudo à minha volta. Outro flash. Uma mão aperta meus ombros e ajeita minha postura. "Seu olhar parecia perdido, estava ótimo." Um sorriso, meus olhos piscam discretamente, agora aos poucos posso ver o sorriso que ele me lança, largo e encorajador - seus olhos continuam frios. Apenas mais uma modelo, apenas mais um trabalho, apenas mais um. Inclino meu corpo para frente, fingindo tocar o chão coberto de folhas alaranjadas. Outono. "Ela parece doente." Sim, sinto-me fraca e um pouco tonta, mas quem se importa? Quem se importa com os sussurros que chegam com o vento? Quem se importa com a chuva que escorre sobre minha pele, penetrando em meus ossos? "Agora olhe para a câmera, isso, assim, excelente!" Novamente a luz, a perda de foco, e o frio, e a chuva.

O céu está claro, muito claro, embora a chuva continue impiedosamente. Escorrendo pelo vidro do carro, os pingos formam padrões estranhos, imagens incertas, seria o rosto de sua mãe fitando-a ali, no canto? "Sim, sim, estou melhor, obrigada." Outro sorriso. Seriam os seus sorrisos tão falsos quanto os do fotógrafo de antes? Provavelmente. Ela não se importava muito. Não se importara, agora parecia uma informação extremamente relevante sobre si mesma. Porque? Talvez o frio dos olhos estivesse aos poucos derretendo afinal. O calor penetrando em sua mente, descendo até chegar ao peito, queimando, provocando-lhe um aperto no estômago. E subindo novamente, até chegar aos seus olhos e começar a escorrer na forma de lágrimas, escorrendo como lava. E ela não conseguia mais parar. Seu corpo todo tremia, suas mãos permaneciam inertes sobre o colo, não havia forças para levantá-las. E de repente ela sentiu como se todo seu corpo estivesse derretendo, e os olhos de sua mãe a fitavam, quietos, serenos, no canto da janela.

C.C.



FELIZ NATAL!!!!

C.C.


12/19/2010

No silêncio do meu olhar

Às vezes, eu olho para você, e meus olhos não conseguem deixar de fitar os seus. Então minha mente se enche de palavras e versos, e eu tento ordená-los, tento desesperadamente juntá-los e transformá-los em algo coerente, enquanto suas mãos percorrem o meu corpo. Mas olhando em seus olhos eu percebo que nenhuma palavra, nenhum verso ou poesia parecem ser o suficiente para traduzir o quanto te amo, o quão grande é o amor que sinto. E eu queimo, queimo neste fogo que altera os meus sentidos, neste fogo que preenche todo o meu ser, tudo o que sou. E as palavras, os versos, as poesias, toda a louca sinfonia que forma-se em meu interior, e os teus olhos, são o alimento do meu fogo.
E dentro, quando simplesmente desisto de tentar descrever meu amor, dentro dos teus olhos eu vejo o mesmo fogo que é meu, o fogo que é nosso. Porque se palavras não podem descrever este sentimento, os olhos, os meus e os teus - eles podem.

O silêncio do meu olhar contêm as palavras que descrevem todo o amor que sinto, pois diante de ti, eu que sempre encontrei o verso certo, a rima certa, diante de ti e do amor que grita em meu peito, fico muda. E muda eu fito teus olhos e encontro todas as palavras que descrevem o teu amor. Diante deste sentimento que me toma por completo, finalmente entendi que não adianta tentar descrever o amor - o amor é, ele simplesmente é, e dentro dos teus olhos eu contemplo toda a beleza do seu ser.

C.C.

12/16/2010

Porque é tão difícil abrir aquela porta... Quando está tudo no lugar é que aquela velha voz sussurrante decide soprar em nossos ouvidos, detrás da porta. E o sussurro viaja tranquilo por entre os labirintos da nossa mente, trazendo à tona uma imagem, uma palavra... O aperto no peito. Ignorado.

Mas quando nos encontramos naquele turbilhão, onde nem conseguimos pensar direito com tantas coisas para fazer, com tantas exigências - de tempo, de atenção, de um ombro, de um abraço, de um olhar - quando um dia vem após o outro e já nos perdemos em datas pois são todos iguais, aquele sussurro passa desapercebido. É fraco, frágil, e sem importância em meio ao caos do dia-a-dia. Perde-se facilmente e não penetra em nosso coração.

Mas quando vem a calmaria... A voz ganha volume e a porta parece transportar-se para mais perto, para a superfície. Quando se tem tempo para ordenar os pensamentos, os sentimentos, é aí que ela se faz ouvir, é aí que paramos em frente à porta e encaramos desconfiados a maçaneta.

E embora a voz esteja agora mais forte e próxima, tão perto que podemos quase tocá-la - se tivermos coragem para girar a maçaneta - ainda assim uma espécie de paralisia nos toma e só o que fazemos é encarar, ouvir, pensar, mas nunca tocar. 

Entalhadas na porta estão as letras que formam as palavras "CANTO ESCURO." O que há do outro lado, além dos sussurros, além das lembranças, das feridas, do passado? Será que vale a pena abrir a porta e deixar a avalanche de sentimentos já há muito esquecidos transbordar?

"Já há muito esquecidos, ou que queremos esquecer?" Ouve-se o sussurro vindo com o vento.

Sim, aquelas lembranças que trancamos no CANTO ESCURO e deixamos apodrecer - ou criamos esperanças de que apodreçam - porque se a encararmos não temos certeza de que conseguiremos sair ilesos. Não, provavelmente não sairemos. Mas apesar de nossos esforços elas continuam, e quando passa a calmaria e somos obrigados a nos atirar no caos novamente elas retornam para as profundezas, e o tempo que passamos especulando se deveríamos abrir a porta ou não é sugado para dentro do CANTO ESCURO.

Porque é tão difícil?

C.C.

12/10/2010

Férias outra vez

Ha, agora, que venham os livros, meus queridos livros que tive que abandonar pelos estudos, meus adorados livros que me encaravam inquisitoriamente nas estantes, exigindo uma explicação. Meus companheiros, que saudade!

Mas valeu a pena. 

=D

C.C.