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2/20/2011

Cegueira auto induzida

O que me espanta é esta capacidade incrível que algumas pessoas têm de sempre se transformarem em vítimas. A distorção que conseguem fazer de uma frase, uma palavra, de conseguirem transformar dois em vinte, agora em ontem, sai em fica. Pessoas que olham tanto para o próprio umbigo que não conseguem perceber que o mundo não gira ao redor delas, e que os outros também sentem. Pessoas que são, na melhor definição da palavra - Cegas!

Vivem num mundo próprio e tentam a todo custo trazê-lo para aqueles que estão à sua volta. Então tudo é a respeito deles, e sua forma de viver e de pensar é a certa; não há necessidade de mudança - a não ser a mudança necessária para que os resto do mundo se adeque à sua maneira de viver.

Eu me espanto, porque nada do que seja dito será ouvido; as palavras parecem sofrer uma mutação durante o caminho até seus ouvidos e tomam outro significado.

Eu me espanto, porque não adianta quantas vezes alguém tente lhes estender a mão, essa mão ficará vazia, porque o Cego simplesmente não a enxerga - não quer enxergar.

Espanta-me infinitamente, porque não há nada que se possa fazer, não há nada que se possa dizer; é como tentar argumentar com uma porta! E aquele que tenta ajudar fica eternamente com a mão estendida, à espera - assistindo de camarote o desenrolar de um drama que nunca tem fim, e que só existe na mente do Cego. Onde o Cego se torna rei, propagador do caos, escravo de sua própria dor e mestre de sua agonia. O Cego causa sua própria ruína por simples medo de abrir os olhos.

C.C.

1/22/2011

Constância

Não seriam necessárias as nuvens negras pesando sobre nossas cabeças, despejando uma chuva fina sobre nossos ombros. A tempestade estava anunciada ainda antes, quando o sol reinava solitário no céu azul.
A brisa era leve, morna, mas o vento que nos açoitaria vinha junto, ainda fraco e sussurrante.
O que desencadeia o caos? A calmaria deveria ser o aviso que todos deveríamos notar, mas que ninguém percebe. O silêncio e os olhares mudos já revelam a escuridão que se aproxima. Para poucos observadores - os atentos - meros sinais são o suficiente. Eu já esperava.
Se alguém me perguntasse "Está tudo bem?" Eu responderia "Tudo ótimo."
A troca de corpos e de motivos não são motivo para acabar com a indiferença que tanto tempo levei para alcançar.
"Mas você não se importa?"
Eu deveria?
Quando você percebe que todo ano chove na mesma época, você se surpreende quando a chuva vem?
Quando você percebe que toda flor nasce em determinada época, você se surpreende quando o botão aparece?
Não. Você até mesmo espera por isso.
Você sabe que vai acontecer.
Da minha parte só tenho isso a dizer: Eu já sabia.
Mas a verdade é que daria tudo para ter uma surpresa.

C.C.