1/22/2011

Constância

Não seriam necessárias as nuvens negras pesando sobre nossas cabeças, despejando uma chuva fina sobre nossos ombros. A tempestade estava anunciada ainda antes, quando o sol reinava solitário no céu azul.
A brisa era leve, morna, mas o vento que nos açoitaria vinha junto, ainda fraco e sussurrante.
O que desencadeia o caos? A calmaria deveria ser o aviso que todos deveríamos notar, mas que ninguém percebe. O silêncio e os olhares mudos já revelam a escuridão que se aproxima. Para poucos observadores - os atentos - meros sinais são o suficiente. Eu já esperava.
Se alguém me perguntasse "Está tudo bem?" Eu responderia "Tudo ótimo."
A troca de corpos e de motivos não são motivo para acabar com a indiferença que tanto tempo levei para alcançar.
"Mas você não se importa?"
Eu deveria?
Quando você percebe que todo ano chove na mesma época, você se surpreende quando a chuva vem?
Quando você percebe que toda flor nasce em determinada época, você se surpreende quando o botão aparece?
Não. Você até mesmo espera por isso.
Você sabe que vai acontecer.
Da minha parte só tenho isso a dizer: Eu já sabia.
Mas a verdade é que daria tudo para ter uma surpresa.

C.C.

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