"Tu viverás num luto eterno, cada sopro de ar que entrar em teus pulmões será como mil agulhas penetrando tua carne, pois não há dor maior, não há maior pesar, não há nada que possas lamentar mais, que sua ausência.
Meu castigo será teu castigo, minha dor será tua dor, meu lamento será teu lamento, minha loucura será tua loucura. Não haverá cura para nós, pois somos ambos, condenados à ausência.
Sentirá como eu o arrastar dos anos, ouvirá como eu sua voz sussurrante no escuro, sentirá, como eu, seu toque suave em tua pele, viverá, como eu, à espera do fim.
Não serei o único condenado, nem serás o único enlutado.
Viva como puder. Eu tentarei apenas, existir."
Hamon deu as costas para a multidão e o rei, seguindo solitário o caminho que o levaria para fora dos portões da cidade. Só havia um futuro para ele, e era negro, amargo, triste, solitário e eterno.
C.C.
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