O que me espanta é esta capacidade incrível que algumas pessoas têm de sempre se transformarem em vítimas. A distorção que conseguem fazer de uma frase, uma palavra, de conseguirem transformar dois em vinte, agora em ontem, sai em fica. Pessoas que olham tanto para o próprio umbigo que não conseguem perceber que o mundo não gira ao redor delas, e que os outros também sentem. Pessoas que são, na melhor definição da palavra - Cegas!
Vivem num mundo próprio e tentam a todo custo trazê-lo para aqueles que estão à sua volta. Então tudo é a respeito deles, e sua forma de viver e de pensar é a certa; não há necessidade de mudança - a não ser a mudança necessária para que os resto do mundo se adeque à sua maneira de viver.
Eu me espanto, porque nada do que seja dito será ouvido; as palavras parecem sofrer uma mutação durante o caminho até seus ouvidos e tomam outro significado.
Eu me espanto, porque não adianta quantas vezes alguém tente lhes estender a mão, essa mão ficará vazia, porque o Cego simplesmente não a enxerga - não quer enxergar.
Espanta-me infinitamente, porque não há nada que se possa fazer, não há nada que se possa dizer; é como tentar argumentar com uma porta! E aquele que tenta ajudar fica eternamente com a mão estendida, à espera - assistindo de camarote o desenrolar de um drama que nunca tem fim, e que só existe na mente do Cego. Onde o Cego se torna rei, propagador do caos, escravo de sua própria dor e mestre de sua agonia. O Cego causa sua própria ruína por simples medo de abrir os olhos.
C.C.