12/02/2012

"A doce vida"

Uma palavra que nos momentos de fraqueza se faz presente e toma conta de tudo à minha volta. Desisto.
Quando se tenta e já tantas vezes o fracasso é a resposta; quando se levanta e o próximo passo te leva ao abismo; quando todos os seus esforços são desmerecidos e não há uma palavra, um olhar ou um sorriso que te guiem de volta para a luz... Desisto.
Os vencedores brindam e dançam enquanto meus sentimentos são abafados por uma total indiferença, e tempo e espaço já não mais existem. A realidade mostra-me as costas, e já não me importo mais.
Que deixem os Deuses com seus louros, e os mortais no esquecimento. Agrego-me a esta massa pulsante que já não sente e apenas existe, pois que este é o destino dos que fracassam.
Desistir é padecer no esquecimento.
Assim dito, levanto-me e sigo em frente.

C.C.

8/27/2012

A arte de escrever

Disseram uma vez que a arte de escrever consiste em se ter algo a dizer, e dizê-lo. Ás vezes se tem tanto a dizer que as palavras atropelam-se umas sobre as outras e nada coerente é capaz de escapar. Ás vezes o que temos a dizer perde-se no meio de divagações sobre o que é certo e errado e sobre o que deve ou não ser dito. A arte de escrever parece simplória , mas quando se almeja alcançar um certo nível, ela torna-se complexa e árdua.
Qualquer um pode escrever sobre a beleza de uma rosa, mas poucos são os que conseguem tornar a rosa algo realmente belo.

C.C.

8/04/2012

O Ciclo

O que eu achava importante postar aqui e dividir com o resto do mundo parece não ter mais espaço no ritmo atribulado em que tenho vivido. Palavras cheias de significado ficam aqui empoeiradas, enquanto dentro de mim uma revolta surda cresce. A diferença é que eu sei que ela está crescendo dentro de mim - eu sei - e a cada dia que passa mais cresce minha indiferença. Algum tipo de alarme deveria ter começado a soar em algum momento nestes dois últimos anos, e acho mesmo que eu ouvi algo familiar, mas o dia-após-dia-após-dia-após-dia-após....
Silêncio.
Misturando-se aos milhares de sons e ruídos do caos que nos rodeia, o alarme tornou-se parte do meio, e no afã de liberar meus pensamentos do barulho excessivo, eu o perdi.
Duas vozes controlam minhas ações: uma fala do caminho a seguir, a outra, da escolha. Acho que todo fim de ciclo é marcado por estas duas vozes.
Falei sobre a revolta que cresce dentro de mim, eu a sinto o tempo todo e na tentativa de me livrar dela, eu me torno indiferente. Novamente, dia-após-dia-após-dia-após-dia-após-dia-após.....
Creio que nesta altura eu já tenha me distanciado de um certo numero consideravel de amigos, não porque eles tenham deixado de significar algo para mim, mas simplesmente porque eu não podia mais. Eu tinha uma escolha a fazer, e eu a fiz. Eu escolhi a revolta, e a indiferença.
Certamente me parecia impossível seguir em frente.
"Se eu me sinto só? Não. Se eu sinto falta dos meus amigos? Com certeza.
Mas ainda faltam seis meses até a loucura acabar, e o que as pessoas ao meu redor talvez ainda não tenham percebido é que eu troquei tudo, absolutamente tudo, pelo fim.
Eu não me importo mais, a única coisa que importa é um pedaço de papel.
Seja certo ou errado, justificavel ou não, eu não ligo.
E cada dia que passa, cada passo que dou em direção a esse dia me torna ainda mais indiferente, porque uma parte de mim ainda luta na tentativa de restaurar o que um dia eu fui, e é essa parte de mim que faz com que a minha revolta aumente.
Um dia eu disse aqui que devíamos manter nossas esperanças na humanidade, que valia a pena continuar tentando. O fato é que, hoje, eu simplesmente não me importo mais.
Eu não sei se vale a pena. Eu não sei se vale o esforço. Acho que esse curso maldito finalmente conseguiu, ele tomou a minha vida, e agora, está tomando a minha alma.
E eu sei. E eu não ligo a mínima para isso.
Essa é a voz que fala sobre o futuro.
"Não é certo. Tantas escolhas, tantas oportunidades. O sol aquecendo minhas mãos, o frio penetrando minha pele, as palavras - elas ainda têm um significado. Ainda existe aquele brilho nos olhos e o sorriso sincero. Ainda existem pessoas pelas quais se vale a pena seguir em frente. Pessoas que ainda não estão aqui, aquelas que se tornarão - e talvez até mesmo já sejam - as mais importantes da sua vida: seus filhos.
Sorria. Releve. Respire. Calma. Calma. Calma. Calma. Calma. Calma. Não vale a pena se estressar por isso. Calma. Calma. Calma. Existe muito mais do que isso, e não vale a pena perder a cabeça. Respire. Releve. Calma. Sorria."
Essa voz, fala sobre as escolhas.
Ela diz que eu posso escolher ser feliz. O problema, é que esse maldito pedaço de papel não vai servir para nada se eu escolher a felicidade. Porque eu não consigo ser feliz num lugar onde as pessoas não têm respeito, não se importam, e são indiferentes. Isso me deixa enjoada, irritada, revoltada. Isso me torna indiferente. Esse lugar, ele me torna aquilo que eu não suporto, aquilo que eu abomino.
Se eu continuar...
Mas se eu não continuar, para onde devo ir? Que caminho seguir? Onde é o meu lugar?
Eu não sei.

C.C.

2/18/2012

Teu doce sabor

A claridade meus olhos invade
Sinto o peso que sua falta faz
O ar não me entra nos pulmões
E sinto as batidas aceleradas de meu coração .

Tento levantar-me
Minha cabeça gira
A dor quase me cega
Tropeço em direção a luz .

Longe de casa
Longe de minha amada
Anseio pelo teu calor
Teu sabor que me devolve a vida .

Busco desesperadamente te encontrar
Nesta casa estranha, onde estarás?
Ainda lutando contra a dor eu busco
E como por milagre, lhe encontro.

Doce como o céu
Onde teu sabor me leva
Amargo como o inferno
Onde tua falta me atira.

Sôfrego, tomo-a em minhas mãos
Sôfrego, bebo de teu elixir.
Tua essência acalma minhas dores e meus anseios
Tua essência me devolve a paz.

Enamorado fito tua superfície negra
Escondida estás nesta bebida mágica
Dona de minhas idéias, senhora dos meus dias!
Minha amada Cafeína.

C.C.

2/08/2012

Equilibrium

Algumas vezes nos encontramos onde deveríamos estar, numa espécie de equilíbrio emocional, onde poucas coisas são capazes de nos abalar, onde não importa o que aconteça, encontramos sempre o chão debaixo de nossos pés e seguimos em frente. Outras - a maior parte do tempo - não.
É incrível a maneira como chegamos no estado de equilíbrio, mas mais incrível ainda é a maneira que saímos dele. Não é algo que se perceba de imediato - em ambos os casos. Então como chegar lá? Como sair?
Somos simplesmente jogados em determinado momento de nossas vidas, e depois de certo tempo tragados de volta para o caos? Ou caminhamos lentamente, sem perceber, para o equilíbrio ou para o caos.
Manter-se firme na corda bamba é um dom, cair é uma lei natural. Muitos caem, alguns levantam e continuam tentando, raros são os que chegam até o fim sem uma queda em seu histórico. O importante, é continuar tentando.
Lembrar que cada ato é seguido de uma consequência é o essencial para se manter na corda bamba, pois o menor descuido pode nos levar ao chão - a menor distração, pode ser fatal.
Lá vamos nós, outra vez.

C.C.

2/02/2012

Reflexos

A luz continua mudando, a cada ano que passa eu percebo essa mudança. Como se minha memória fosse mais nítida, ou o que está diante de meus olhos, mais apagado. Talvez o mundo esteja mesmo perdendo a sua cor, mas temo que sejam meus olhos que estejam perdendo a esperança.
Agarro-me aos matizes esverdeados que emolduram o castanho de teus olhos e ao brilho vívido de seu olhar quando me contemplas - e esta, é a única esperança que me resta.

C.C.

1/18/2012

Deserto

Meus sentimentos ecoam
Uma vontade que me invade
Sinto a fúria que me atinge
As lágrimas que rolam

O olhar de fogo penetra
Meu coração queima,
minhas entranhas
Livre sou - livre parto.

Ao redor um grito cresce
A fúria não saciada
A vitória não o aquiesce
O ódio não se acalma.

O descanso tão esperado
Minhas lágrimas o chão encharcam
Meu corpo jaz a seu lado
Lealdade? Não conheci.

Meu espírito é livre;
Minha batalha eu venci.

C.C.