O que eu achava importante postar aqui e dividir com o resto do mundo parece não ter mais espaço no ritmo atribulado em que tenho vivido. Palavras cheias de significado ficam aqui empoeiradas, enquanto dentro de mim uma revolta surda cresce. A diferença é que eu sei que ela está crescendo dentro de mim - eu sei - e a cada dia que passa mais cresce minha indiferença. Algum tipo de alarme deveria ter começado a soar em algum momento nestes dois últimos anos, e acho mesmo que eu ouvi algo familiar, mas o dia-após-dia-após-dia-após-dia-após....
Silêncio.
Misturando-se aos milhares de sons e ruídos do caos que nos rodeia, o alarme tornou-se parte do meio, e no afã de liberar meus pensamentos do barulho excessivo, eu o perdi.
Duas vozes controlam minhas ações: uma fala do caminho a seguir, a outra, da escolha. Acho que todo fim de ciclo é marcado por estas duas vozes.
Falei sobre a revolta que cresce dentro de mim, eu a sinto o tempo todo e na tentativa de me livrar dela, eu me torno indiferente. Novamente, dia-após-dia-após-dia-após-dia-após-dia-após.....
Creio que nesta altura eu já tenha me distanciado de um certo numero consideravel de amigos, não porque eles tenham deixado de significar algo para mim, mas simplesmente porque eu não podia mais. Eu tinha uma escolha a fazer, e eu a fiz. Eu escolhi a revolta, e a indiferença.
Certamente me parecia impossível seguir em frente.
"Se eu me sinto só? Não. Se eu sinto falta dos meus amigos? Com certeza.
Mas ainda faltam seis meses até a loucura acabar, e o que as pessoas ao meu redor talvez ainda não tenham percebido é que eu troquei tudo, absolutamente tudo, pelo fim.
Eu não me importo mais, a única coisa que importa é um pedaço de papel.
Seja certo ou errado, justificavel ou não, eu não ligo.
E cada dia que passa, cada passo que dou em direção a esse dia me torna ainda mais indiferente, porque uma parte de mim ainda luta na tentativa de restaurar o que um dia eu fui, e é essa parte de mim que faz com que a minha revolta aumente.
Um dia eu disse aqui que devíamos manter nossas esperanças na humanidade, que valia a pena continuar tentando. O fato é que, hoje, eu simplesmente não me importo mais.
Eu não sei se vale a pena. Eu não sei se vale o esforço. Acho que esse curso maldito finalmente conseguiu, ele tomou a minha vida, e agora, está tomando a minha alma.
E eu sei. E eu não ligo a mínima para isso.
Essa é a voz que fala sobre o futuro.
"Não é certo. Tantas escolhas, tantas oportunidades. O sol aquecendo minhas mãos, o frio penetrando minha pele, as palavras - elas ainda têm um significado. Ainda existe aquele brilho nos olhos e o sorriso sincero. Ainda existem pessoas pelas quais se vale a pena seguir em frente. Pessoas que ainda não estão aqui, aquelas que se tornarão - e talvez até mesmo já sejam - as mais importantes da sua vida: seus filhos.
Sorria. Releve. Respire. Calma. Calma. Calma. Calma. Calma. Calma. Não vale a pena se estressar por isso. Calma. Calma. Calma. Existe muito mais do que isso, e não vale a pena perder a cabeça. Respire. Releve. Calma. Sorria."
Essa voz, fala sobre as escolhas.
Ela diz que eu posso escolher ser feliz. O problema, é que esse maldito pedaço de papel não vai servir para nada se eu escolher a felicidade. Porque eu não consigo ser feliz num lugar onde as pessoas não têm respeito, não se importam, e são indiferentes. Isso me deixa enjoada, irritada, revoltada. Isso me torna indiferente. Esse lugar, ele me torna aquilo que eu não suporto, aquilo que eu abomino.
Se eu continuar...
Mas se eu não continuar, para onde devo ir? Que caminho seguir? Onde é o meu lugar?
Eu não sei.
C.C.