1/22/2011

Constância

Não seriam necessárias as nuvens negras pesando sobre nossas cabeças, despejando uma chuva fina sobre nossos ombros. A tempestade estava anunciada ainda antes, quando o sol reinava solitário no céu azul.
A brisa era leve, morna, mas o vento que nos açoitaria vinha junto, ainda fraco e sussurrante.
O que desencadeia o caos? A calmaria deveria ser o aviso que todos deveríamos notar, mas que ninguém percebe. O silêncio e os olhares mudos já revelam a escuridão que se aproxima. Para poucos observadores - os atentos - meros sinais são o suficiente. Eu já esperava.
Se alguém me perguntasse "Está tudo bem?" Eu responderia "Tudo ótimo."
A troca de corpos e de motivos não são motivo para acabar com a indiferença que tanto tempo levei para alcançar.
"Mas você não se importa?"
Eu deveria?
Quando você percebe que todo ano chove na mesma época, você se surpreende quando a chuva vem?
Quando você percebe que toda flor nasce em determinada época, você se surpreende quando o botão aparece?
Não. Você até mesmo espera por isso.
Você sabe que vai acontecer.
Da minha parte só tenho isso a dizer: Eu já sabia.
Mas a verdade é que daria tudo para ter uma surpresa.

C.C.

1/21/2011

Remember

Mais um vídeo do Samuel, com sua mais nova composição - Remember =D

Eu gostaria muito de ver as músicas dele executadas por uma orquestra, então por favor, assistam ao vídeo no youtube também (vou deixar o link aqui) =D

Muito obrigado e aproveitem!!

Vídeo no youtube

C.C.

PS: Se gostarem, podem espalhar por aí!

1/03/2011

The Sevehr Song

Faz um tempo postei aqui um texto, e disse que era inspirado em uma música que um amigo meu compôs. Finalmente ele colocou a música à disposição no youtube, então, finalmente posso colocá-la aqui!

Vou colocar o texto também, e se você tiver um tempinho, leia ouvindo a música =D

Ele sentou-se em frente ao piano, e seus dedos começaram a percorrer as teclas lentamente enquanto ele fitava o céu azul e as ondas que iam e vinham. Seus dedos agitavam-se; fechou os olhos e curvou-se sobre o piano. A música emanava dele, seu coração batendo mais depressa, e a espera, a procura saíndo de sua alma e transbordando em seu peito, transformando-se em notas que ecoavam pela praia deserta, espalhando-se pela areia e tocando as ondas - o som parecia atraí-las. A brisa suave agitava as folhas de uma árvore próxima e nuvens encobriam o céu. Como se o mundo quisesse unir-se à sua dor, o som ganhava vida, o mar rugia, o vento furioso agitava seus cabelos e nuvens escuras agitavam-se sobre o mar, misturando-se com as ondas que avançavam sobre ele. A música parecia abarcar tudo à sua volta, e quando seu peito explodiu em lágrimas, o céu chorou, derramando uma tempestade sobre o mar, lavando seu rosto, e sua alma. Ele tocava com uma paixão profunda e a intensidade de seu pesar transformava o tempo e o espaço, invocando imagens e lembranças que ganhavam vida em seus dedos.
O riso, o toque, os olhos claros e brilhantes...
Aos poucos, a tempestade foi acalmando, dando lugar a uma chuva fina e fria que corria por seu rosto. A face agora voltada para o horizonte, e os olhos fechados abriam-se vagarosamente, como o sol que voltava a surgir por entre as nuvens. Os olhos abertos fitando o horizonte; nas ondas a luz do sol refletia e se espalhava, sentiu o calor tocando seu rosto. A música foi diminuindo e as ondas, agora mais calmas, pareciam um espelho refletindo o céu claro e rosado. Seu coração começou a bater mais devagar, à medida que as notas diminuíam, e a música cessou assim que o sol se escondeu atrás do horizonte.
A brisa voltou, suave, e o barulho do mar parecia um sussurro em seus ouvidos. Olhando para a lua, seu brilho parecia dizer:"Decifra-me, ou devoro-te," e pensou, enxugando uma última lágrima, que era o mesmo que lia em seu olhar.

*Publicado originalmente em 08/08/2009


Vídeo no Youtube

C.C.