8/24/2009

Trégua e pôr-do-sol


Ai ai...
O semestre começou num stress que só vendo. Achei que já estava vislumbrando o resto do ano só naquele início infeliz.
Mas... Sou ou não uma sobrevivente de mim mesma? Aquela que procura desesperadamente um complexo dentro de si mesma, só para ficar se martirizando, e depois sair sorrindo e cantarolando como a vida é linda, como a vida é bela, depois de finalmente livrar-se do maldito complexo que, muitas vezes, eu mesma criei.
Sim, sou uma sobrevivente, fugindo do meu carrasco sempre que a lâmina do machado está por um fio em meu pescoço. Algumas vezes posso até sair com um filete de sangue escorrendo, mas o que é um pouquinho de sangue, comparado com a maravilha de se estar vivo?
Não sei se o maldito carrasco vai voltar, essa última escapada foi um tanto dura, e por vezes achei que não conseguiria... Mas aprendi muitas coisas, tantas! Sobre mim, sobre as pessoas, sobre o mundo. Coisas que não irão se perder com o fato de eu estar livre novamente, por que o aprendizado foi doloroso. Espero, e farei o possível (e o impossível), que ele não volte. Espero que essa luta realmente tenha chegado ao fim, e que eu esteja mais preparada para a próxima.
Enquanto isso, aproveito a trégua para viver, para sorrir, para cantar, para dizer para quem está ao meu lado: Olha, que árvore linda! Com essas flores lindas! Adoro a primavera *-* - eu sei que ainda não estamos na primavera... Só estou dizendo hehehe.
Talvez eu esteja parecendo meio fora do ar, ou dançando no ar... Mas que seja, temos que aproveitar cada momento, e esse é o meu momento de estar feliz porque venci uma batalha, e de dançar no ar se sentir vontade de dançar no ar, e o que as pessoas pensam, sinceramente, não me importa muito agora.

*Foto tirada dentro do ônibus nos últimos segundos antes do sol se pôr, graças ao Samuca^^

C.C.

8/18/2009

Little Beetle

O pequeno besouro
Quer sua casa de volta
O pequeno besouro
Foi levado para longe
Para um lugar estranho
Onde o barulho
É insuportável
E a luz é fraca.

O pequeno besouro
Que quis explorar um novo mundo
Agora quer sentir o significado
Da palavra lar.

C.C.

8/15/2009

Dirty Mind

Sara Melson

Summer's getting hotter and winter's growing colder
And everybody's turning another year older
I wonder when I'll be lying head to toe again
With you my friend
And time will stop and space will bend
Please come find me with your dirty mind
Here you come just like a meteor shower
Call me up at the dreamiest hour
Sighing with your lazy voice on the phone
Oh please come find me with your dirty mind
Hold me down until I cry
With your wicked secret smile
Hold me down until I cry
With your wicked secret smile
Hold me down and make me cry
Please come find me with your dirty mind
Hold me down until I cry
Please come find me with your dirty mind

Do seriado South of Nowhere

C.C.

8/12/2009

Dom

Sair de mim, dar um tempo. Minha habilidade de defesa é maravilhosa. Ainda não sei como apertar o botão, nem onde ele está. Parece um dom, e eu não o desprezo. Este dom que me mantém à salvo quando tudo está por um fio. Este dom que me faz olhar para o céu azul num dia de inverno, e admirar as cores do mundo. Este dom que me leva para longe do meu poço de auto piedade. Ele me empurra para fora quando chego no fundo, impede que me afogue em lágrimas.
O dom que me faz olhar para tudo com estes olhos de curiosidade inocente. Desfaz o aperto no peito e coloca um sorriso no meu rosto.
Alguma coisa deveria me incomodar, algo que este dom faz com que pareça um sonho meio esquecido. Sei que está lá, mas não penso sobre isso, não tem importância. O que importa é o morro verde contra o céu azul, a folha caindo no chão, o vento tocando meu rosto. O que importa é esta vontade de ficar aqui, de esquecer do almoço, esquecer da vida. Tenho este dia para mim, esta tarde para ser nada, só pensamentos e palavras, divagações rasas sobre uma idéia que pode ser boa. Só o que importa é ficar olhando para o nada, transformo meu corpo no receptáculo de uma mente em expansão.
A música é boa, não quero saber o que a letra diz, quero sentir a melodia.
Interpretações não têm lugar neste dia governado pelo Dom.

C.C.

8/08/2009

Reflexos

Ele sentou-se em frente ao piano, e seus dedos começaram a percorrer as teclas lentamente enquanto ele fitava o céu azul e as ondas que iam e vinham. Seus dedos agitavam-se; fechou os olhos e curvou-se sobre o piano. A música emanava dele, seu coração batendo mais depressa, e a espera, a procura saíndo de sua alma e transbordando em seu peito, transformando-se em notas que ecoavam pela praia deserta, espalhando-se pela areia e tocando as ondas - o som parecia atraí-las. A brisa suave agitava as folhas de uma árvore próxima e nuvens encobriam o céu. Como se o mundo quisesse unir-se à sua dor, o som ganhava vida, o mar rugia, o vento furioso agitava seus cabelos e nuvens escuras agitavam-se sobre o mar, misturando-se com as ondas que avançavam sobre ele. A música parecia abarcar tudo à sua volta, e quando seu peito explodiu em lágrimas, o céu chorou, derramando uma tempestade sobre o mar, lavando seu rosto, e sua alma. Ele tocava com uma paixão profunda e a intensidade de seu pesar transformava o tempo e o espaço, invocando imagens e lembranças que ganhavam vida em seus dedos.
O riso, o toque, os olhos claros e brilhantes...
Aos poucos, a tempestade foi acalmando, dando lugar a uma chuva fina e fria que corria por seu rosto. A face agora voltada para o horizonte, e os olhos fechados abriam-se vagarosamente, como o sol que voltava a surgir por entre as nuvens. Os olhos abertos fitando o horizonte; nas ondas a luz do sol refletia e se espalhava, sentiu o calor tocando seu rosto. A música foi diminuindo e as ondas, agora mais calmas, pareciam um espelho refletindo o céu claro e rosado. Seu coração começou a bater mais devagar, à medida que as notas diminuíam, e a música cessou assim que o sol se escondeu atrás do horizonte.
A brisa voltou, suave, e o barulho do mar parecia um sussurro em seus ouvidos. Olhando para a lua, seu brilho parecia dizer:"Decifra-me, ou devoro-te," e pensou, enxugando uma última lágrima, que era o mesmo que lia em seu olhar.

(Inspirado na música The Sevehr Song - Samuel R. Auras)

C.C.

8/07/2009

Outro livro, outra dica.

Você está apaixonado? Já se apaixonou? Sofreu por amor? Ama?
Encontrei um livro muito peculiar na biblioteca essa semana. Nada nele me chamou a atenção: Nem o título, nem a capa, nem o autor... Mas assim mesmo, por um destes acasos do destino, resolvi dar uma chance e abrí-lo. Índice estranho, estrutura estranha. De que se trata afinal? Não é romance, não é didático... É o tipo de livro que nunca tive vontade de ler. "Fragmentos de um discurso amoroso" é um livro que prende, não pela história, não há história (a não ser a do leitor, que está presente em cada página - digo, do leitor enamorado, ou que já o foi), mas pelo discurso.
Achei muito interessante, portanto, fica a dica^^

Fragmentos de um discurso amoroso, de Roland Barthes; Editora Francisco Alves.

C.C.

^^/