Ele sentou-se em frente ao piano, e seus dedos começaram a percorrer as teclas lentamente enquanto ele fitava o céu azul e as ondas que iam e vinham. Seus dedos agitavam-se; fechou os olhos e curvou-se sobre o piano. A música emanava dele, seu coração batendo mais depressa, e a espera, a procura saíndo de sua alma e transbordando em seu peito, transformando-se em notas que ecoavam pela praia deserta, espalhando-se pela areia e tocando as ondas - o som parecia atraí-las. A brisa suave agitava as folhas de uma árvore próxima e nuvens encobriam o céu. Como se o mundo quisesse unir-se à sua dor, o som ganhava vida, o mar rugia, o vento furioso agitava seus cabelos e nuvens escuras agitavam-se sobre o mar, misturando-se com as ondas que avançavam sobre ele. A música parecia abarcar tudo à sua volta, e quando seu peito explodiu em lágrimas, o céu chorou, derramando uma tempestade sobre o mar, lavando seu rosto, e sua alma. Ele tocava com uma paixão profunda e a intensidade de seu pesar transformava o tempo e o espaço, invocando imagens e lembranças que ganhavam vida em seus dedos.
O riso, o toque, os olhos claros e brilhantes...
Aos poucos, a tempestade foi acalmando, dando lugar a uma chuva fina e fria que corria por seu rosto. A face agora voltada para o horizonte, e os olhos fechados abriam-se vagarosamente, como o sol que voltava a surgir por entre as nuvens. Os olhos abertos fitando o horizonte; nas ondas a luz do sol refletia e se espalhava, sentiu o calor tocando seu rosto. A música foi diminuindo e as ondas, agora mais calmas, pareciam um espelho refletindo o céu claro e rosado. Seu coração começou a bater mais devagar, à medida que as notas diminuíam, e a música cessou assim que o sol se escondeu atrás do horizonte.
A brisa voltou, suave, e o barulho do mar parecia um sussurro em seus ouvidos. Olhando para a lua, seu brilho parecia dizer:"Decifra-me, ou devoro-te," e pensou, enxugando uma última lágrima, que era o mesmo que lia em seu olhar.
(Inspirado na música The Sevehr Song - Samuel R. Auras)
C.C.
muito bom cau como sempre
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