7/02/2008

Contos do Reino das trevas

O condenado

Ele fugiria com ela, ela o amaria para sempre.
Seriam felizes, por que se amavam, por que um sempre esperou pelo outro, e quando se encontraram, todo o resto desapareceu.
Não existia mais nada.
Não existia mais ninguém.
Não existia...

Mas havia uma pessoa...Uma pessoa que morreria, assim que eles dissessem adeus ao resto do mundo e desaparecessem para viver seu amor em liberdade.
Uma pessoa que já há muito esperava por essa partida, e preparava seu coração para o fim. Uma pessoa que sabia estar chegando a hora de sua morte. Uma pessoa que morreria por amor.

Ele trairia seu mundo, arriscaria sua vida e entregaria sua alma. Já não havia nada, sem ela.
Para vê-la feliz, ele colocaria seu mundo eternamente nas trevas...
Seria possível que outro a amasse tanto assim?
Mas eles se amavam, e fugiriam, e ele morreria.
Era para ser assim, estava escrito que seria assim.

E como não havia outra escolha, como ela amava outro com toda sua alma - assim como ele a amava - então ele faria com que se cumprisse o destino.
Por amor, jogaria seu nome na lama e seria lembrado como o homem que condenou seu povo à escuridão.
O inferno parecia pouco frente a possibilidade de ficar, eternamente, longe da mulher que amava.
Para sempre, ele não teria paz, e ela, sorriria por toda eternidade.

Era para ter acontecido dessa forma. Mas quem sabe do destino?
Quem pode ter certeza do que irá acontecer amanhã?
Tudo perdido...
Só uma coisa realmente aconteceu como ele previra...
O reino das trevas começou no dia em que ele traiu seu povo.
E o inferno...Ele descobriu o que era o inferno, mesmo sem perder a vida.
Longe dela, num mundo escuro, ele foi condenado. Sua imortalidade era o único inferno que conheceria. Um castigo cruel, para quem só queria manter vivo - para sempre - o sorriso de quem amava.

C.C.

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