6/28/2010

Reflexos

Desço do meu palácio, no alto da montanha. Senti como se uma brisa gélida cortasse minha pele e penetrasse minh'alma. Os quartos escuros, a casa vazia, a chama, trêmula, pela brisa se extinguia. Sentia um arrepio correndo-me a espinha, sentia uma voz que em meus ouvidos dizia: Nem uma palavra.

Do alto da montanha, ainda noite contemplo a escuridão da casa que antes fora minha. A lua permanece escondida, sua luz fantasmagórica contendo uma mansão vazia, a mansão que meu coração habitava.

C.C.

6/24/2010

No Centro




É uma ilha. As pessoas passam por ela, mas ninguém a vê. E apesar do barulho, o silêncio parece agradável. Um lugar para ficar a sós consigo mesmo - não para ficar sozinho. Um lugar onde o verde cresce, pois esqueceram-se que ele existe, onde as árvores crescem, pois as esqueceram também. Um lugar onde o vento toca levemente as folhas no alto das copas das árvores, onde os pássaros aparecem só de passagem. As vozes são trazidas pelo vento, passam por corredores escuros, corredores antigos, paredes que já viram mais pessoas e ouviram mais vozes do que podemos imaginar só de olhar pára elas. Se alguém olhasse.
Flores, vento, pássaros, vozes, pessoas, verde - silêncio.
A ilha que ao ser ignorada até por seus próprios moradores, esqueceu que está viva, e por pensar-se morta, deixa que a vida passe ilesa por ela. Sinais de morte são as ruínas que se formam a cada dia. São os insetos que a invadem, o mofo que a decora.
Estou no meio desta ilha. No centro de seu coração silencioso e inerte, num dia de outono. Hoje ouvi a ilha, hoje tornei-me a ilha, e sinto sua desolação e sua ruína, sou a ruína e a desolação. Posso sentir os milhares de passos que a pisaram, posso ouvir as milhares de vozes que nos seus corredores falaram. Mas dentro do centro - silêncio. E dentro do meu peito - silêncio.
Mas minha alma agita-se como agita-se a vida que outrora existiu na ilha. A memória traz o caos, o presente: a inércia.

C.C.

6/18/2010

Espera...


Eu to esperando um download terminar, e mais alguma coisa. Mais alguma coisa... Aquela coisa que você espera sem saber ao certo o que é, sem se dar conta. E enquanto o tempo passa e as pessoas à sua volta mudam, você continua sentado, olhando para os lados, esperando...

E se alguém chega e pergunta "o que você está fazendo?" Você responde "nada."

Que resposta poderia dar uma pessoa que espera sem saber o quê?

Acho que o importante nestas horas de espera, é olhar em volta. Como num consultório, ou numa fila de banco. Você começa a prestar atenção nas pessoas e no ambiente ao seu redor, e quando menos espera, já é a sua vez. Assim, sem que você perceba, aquilo que você esperava aparece e você pode seguir em frente. Mas se seus olhos estiverem fechados, "aquilo" irá passar e você correrá o risco de ficar sentado no mesmo lugar, esperando... sem saber que espera.

C.C.


6/05/2010

Angel Of Mine




You are everything I need to see
Smile and sunlight makes sunlight to me
Laugh and come and look into me
Drips of moonlight washing over me
Can I show you what you want from me

Angel of mine, can I thank you
You have saved me time and time again
Angel, I must confess
It's you that always gives me strength
And I don't know where I'd be without you

After all these years, one thing is true
Constant force within my heart is you
You touch me, I feel I'm moving into you
I treasure every day I spend with you
All the things I am come down to you

Angel of mine
Let me thank you
You have saved me time and time again
Angel, I must confess
It's you that always gives me strength
And I don't know where I'd be without you

Back in the arms of my angel
Back to the peace that I so love
Back in the arms of my angel I can finally rest
Giving you a gift that you remind me

Angel of mine
Let me thank you
You have saved me time and time and time and time again
Angel, I must confess
It's you that always gives me strength
And I don't know where I'd be without you

Angel of mine
Can I thank you
You have saved me time and time again
Angel, I must confess
It's you that always gives me strength
And I don't know where I'd be without you
...without you.

Evanescence

C.C.

6/04/2010

A maior solidão...

A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana.

A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo,
o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro.

O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se,
o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflete. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes de emoção, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre.

Vinícius de Moraes

C.C.

6/02/2010

Reflexos

Mãos que tremiam, enquanto as palavras o atingiam. Mãos frias que buscavam refúgio em outras mãos, sem encontrar abrigo. O rosto voltara-se para o horizonte, a face pálida, lábios cerrados contendo um grito de desespero. Fitava a paisagem, nuvens densas e escuras, explosões de lava à sua frente. Nuvens densas e escuras também recobriam seu coração naquele momento, e as mãos cerradas, segurando uma rosa branca, continham a visão da erupção iminente de sua alma.

- Adeus...

Um soluço. Uma lágrima escapou de seus olhos iluminados em tons de vermelho e cinza. Virou a face pálida para o lado e deixou escapar um sussurro rouco, enquanto fitava-a afastar-se lentamente: 

- Meu amor é como um vulcão que dorme, mas nunca se extingue.

C.C.