11/23/2008

Contos do Reino das trevas

A musica do condenado

Era um deserto a perder de vista, e ele estava parado no limite da cidade. Sob seus pés a grama rareava, e ao olhar para trás ele podia ver o verde, quase extinto. Mas à sua frente, aquele precipicio profundo, a escuridão da noite, uma chuva constante, fina, e ainda assim o solo era seco, sem vida. Ele deu um passo e entrou na cidade, deixando os resquícios de natureza viva para trás, e entrando em um mundo onde a vida era o luto, a desesperança e a escuridão.
O silêncio era opressor e podia ouvir as batidas tudum...... tudum......tudum....tudum...tudum.. tudum. tudumtudumtudumtudumtudum Seu coração reagindo à força que o impedia de trabalhar. Inspirou profundamente, o ar era, e isso o fez erguer uma sobrancelha, salgado. Continuou ouvindo por mais algum tempo a batalha entre aquela força opressora e seu coração. Não havia nada a sua volta, nenhum caminho a sua frente, mas agora ele podia ouvir, vindo de muito longe, o som de um piano. E o que a melodia dizia era triste, suave, profunda. Hyugens sentiu seu coração afundar naquela melancolia tranquila, tão desesperadoramente suave, que uma lágrima escapou de seus olhos, e sem saber o que esperar ou o que procurar, ele seguiu o som, pois era a única voz que seu coração podia ouvir.

C.C.

Continuação

Ele andava sem parar, passando pelo deserto que se estendia a perder de vista, sem perceber a vida que insistia em continuar existindo, mesmo naquele deserto, na chuva que não cessava, e no solo seco. Pequenos animais rastejavam, corriam á sua frente e escondiam-se.
Hyugens seguia a melodia triste daquele piano, sem conseguir pensar em nada. Só podia sentir a tristeza, o desespero, a solidão que emanva de cada nota, e eram parte dele.
O céu deveria estar esrelado... Em um pequeno buraco entre as nuvens, um resquício de luz prateada penetrava a atmosfera smbria do reino, iluminando as gotas de chuva que cruzavam seu caminho. E de repente, Hyugens olhou para o céu, e a música lhe falou sobre a beleza daquele momento, a faixa de luz que cortava o céu em lágrimas e iluminava um pequeno espaço daquela terra condenada à escuridão.
"E enquanto ela vivia,
a lua feito um disco de prata
iluminava a Terra do sol
para que a escuridão nunca atingisse
o reino da beleza
da alegria...
da minha adorada
minha vida..."
A voz morreu neste instante. Começou fraca, rouca, reverente, e morreu. A música morreu com ela. Hyugens percebeu que estava perdido no meio de um deserto chuvoso e seco, e o raio prateado fora novemente bloqueado pela escuridão do céu, coberto de nuvens...

C.C.

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