A Fada
Ela passou pelo corredor como se fosse uma brisa de verão. Suas asas batendo desesperadamente. Não havia muito a ser feito agora, todos os dias ela procurava uma maneira de se aproximar, mas não havia uma brecha.
Quando chegou na porta do quarto, assumiu a forma humana e bateu. Não houve resposta.
- Amnis... Eu só queria... hum. "Deixa prá lá".
Continuou pelo corredor deserto, admirando as paredes e pensando. Havia tantas coisas para serem ditas, e ela ali, sem poder fazer nada, absolutamente nada. Saber que ela estaria chorando por ele, que não comia e não dormia por ele... Insuportável, vê-la definhando e não poder fazer nada.
- Fada de araque. Hamon estava parado, olhando para ela.
- Hamon... O que posso fazer? Ela não quer ver ninguém. Baixou os olhos, uma lágrima brilhando em seu olhar.
- Eu sei, mas isso não muda o fato.
- Que fato? Rácinë o encarou.
- De você ser uma fada de araque. Olhou-a com desprezo e entrou no seu quarto.
- E você? O que você é?! Fada de araque... Bufou.
Havia dias em que ela saía e se afastava o máximo que podia do reino, sempre mais longe, mais alto. Queria ter certeza de não poder ouvir o choro compulsivo, o lamento, os gritos de dor. Queria ter certeza de estar longe o suficiente para não sentir o próprio coração se dilacerando. Quando chegava em lugar seguro, ficava lá por horas, parada, admirando o céu. Cantando e enrolando pequenas fitas. Amarrava-as umas às outras e as prendia em seus cabelos. Às vezes não conseguia se distanciar o suficiente, e lembrava dela. As lágrimas vinham sem permissão, e ela se enroscava no chão e chorava, chorava até não poder mais, apertando o peito. Tentando em vão diminuir aquele sentimento de perda, de impotência. Como se garras invisíveis estivessem esmagando seu coração. Era uma fada, e não podia fazer nada para salvar a pessoa que mais amava, a pessoa a quem havia entregado seu coração e sua alma. Era tanta dor! Como escapar desse abismo? Ela não sabia mais o que fazer, não sabia mais o que pensar, simplesmente não conseguia parar de sentir, e o sentimento era forte e destrutivo.
"Nem em todas as rosas
Vejo a beleza que há...
Nem em todas as estrelas
vejo o brilho que há...
O mar pode vir a secar
e as flores sumirem no ar
mas seu olhar...
Há de ficar
para sempre
em mim..."
Deitada entre as flores, Rácinë cantava e chorava, soluçando, tentando parar de pensar, de sentir, de lembrar.
C.C.
PS: Em algum momento vou conseguir me organizar, e escrever de uma maneira decente. É que ainda estou descobrindo o Reino e os seres que vivem por lá xD
Eu adoro essas historias, as vezes não as compreendo totalmente, mas ainda assim me sinto facinado por elas. Vc escreve muito bem e sua imaginação é maravilhosa.
ReplyDeleteSabe agora deu até vontade d terminar as minhas historias ^^"
Pena q eu não ande tendo muita inspiração para isso :Z
onaitsirC