9/09/2008

Um passo

Trago a chuva na bagagem
Nuvens cinzentas
O céu que vejo
Fiéis companheiras.

Quando olhamos para o abismo
E divisamos a profundidade
quando queremos voltar
Percebemos que é tarde

Muito tarde para olhar para trás
Tarde para arrependimentos
Tarde para confissões
Tarde para a queda.

Não há chamado
Não há convite
Só a escuridão
A realidade.

Quando encaramos o abismo negro

Como se o tempo parasse
O ar abafado.
Talvez o calor venha
das profundezas
Talvez venha
das lembranças.

Um segundo
E tudo faz sentido.

Mas as pernas tremem
O coração acelera
As mãos se rebelam.

Não há escolha.

É tarde.

Aquela lágrima
solitária
A companheira de uma vida.

É o fim.

Um passo em falso
Olhos fechados.

Finalmente
Quando os abrimos
O sol machuca
Com sua luz

E percebemos
que estamos a um passo
da beira do abismo.

C.C.

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